O papa Bento 16 condenou nesta sexta-feira todas as formas de aborto, ao mesmo tempo em que exigiu medidas econômicas e legislativas em defesa da família, que segundo ele, “está ameaçada”.
O líder da Igreja Católica também pediu o fim da corrupção na África, durante um discurso na sede da Presidência angolana em Luanda, em um país conhecido como um dos mais corruptos do mundo.
O papa mencionou o artigo 14 do Protocolo de Maputo, carta sobre os Direitos da Mulher na África que entrou em vigor em 2005 e foi ratificada pelos 20 Estados membros. O artigo se refere ao aborto como um dos métodos para regulamentar as políticas reprodutivas. “Como é amarga a ironia daqueles que promovem o aborto entre as curas para a saúde materna. É desconcertante a tese daqueles que acreditam que a eliminação da vida é um assunto de saúde reprodutiva”, disse.
Ele também reiterou a validade do casamento e criticou “a tendência que existe atualmente na sociedade de pôr em questão o caráter único e a missão da família baseada no casamento”.
O papa fez as declarações no discurso que dirigiu aos bispos de Angola e São Tomé e Príncipe, com os quais se reuniu em seu primeiro dia de estadia em Luanda, na segunda etapa de sua primeira viagem à África, que também o levou a Yaoundé, a capital de Camarões.
O dia de hoje foi declarado feriado para permitir que a população recebesse “dignamente” o pontífice, que visita a capital angolana 17 anos depois da visita de seu antecessor, João Paulo 2°, em 1992. Ele foi recebido calorosamente por milhares de angolanos, que o aclamaram do aeroporto até a cidade, correndo atrás do papamóvel.
Corrupção
O papa disse que é necessário acabar de vez com a corrupção, pedindo que a comunidade internacional respeite a promessa de destinar 0,7% de seu PIB para ajudar o desenvolvimento do continente. Em seu discurso de boas-vindas, ele defendeu “uma sociedade de justiça, paz e solidariedade”, baseada na caridade e no perdão recíproco e encorajou os angolanos “a não ceder diante do mais forte”.
Bento 16 acrescentou que uma democracia exige “o respeito e a promoção dos direitos humanos, um governo transparente, uma magistratura independente, uma comunicação livre, uma administração pública honrada, uma rede de escolas e de hospitais, e a firme determinação de acabar de uma vez por todas com a corrupção”.
Em um país onde a miséria atinge 70% da população, o papa reiterou a opção da igreja pelos pobres e garantiu que ela “fará o possível para ajudar as famílias, incluindo as afetadas pelos trágicos efeitos da AIDS”, e para promover a igualdade entre homens e mulheres, sobre a base de “uma harmoniosa complementaridade”.
Fonte: Folha Online