O papa Bento XVI citou ontem “o consumismo”, a “especulação desenfreada”, “a corrupção” e “o investimento em tecnologia militar” como algumas das causas da existência de fome no mundo, em mensagem enviada a Jacques Diouf, diretor-geral da FAO.
Na mensagem, emitida por ocasião do Dia Mundial da Alimentação em 2008, ele ressaltou que há vários motivos para explicar por que coexistem “a abundância e a penúria”.
Entre eles estão “a corrida pelo consumo que não se detém apesar de uma menor disponibilidade de alimentos” ou a falta de determinação “para frear o egoísmo dos Estados e grupos de países para pôr fim à especulação desenfreada que afeta aos mecanismos de preço e consumo”, explicou o papa.
Acrescentou, como fatores secundários para a existência da fome, “a falta de uma adequada administração dos recursos alimentícios causados pela corrupção na vida pública e o investimento crescente em armas sofisticadas e em tecnologia militar, em detrimento das principais necessidades das pessoas”.
Bento XVI atacou “o atual interesse por conseguir bens materiais, esquecendo a verdadeira natureza da pessoa humana e suas aspirações mais profundas”.
“O resultado é, infelizmente, a incapacidade de cumprir com muitas necessidades de apoio dos pobres, e de compreender e não negar sua dignidade inalienável”.
“Uma campanha eficaz contra a fome -continuou- exige muito mais do que um estudo científico para abordar a mudança climática ou os destinados principalmente à produção agrícola”.
Bento XVI defendeu “um compromisso com a promoção da justiça social nas relações entre os povos, que exige a toda pessoa ser consciente de que os bens da criação estão destinados a todos”.
Quanto à comunidade mundial, “a economia deve estar orientada à distribuição desses bens para sua utilização sustentável e distribuição justa dos benefícios”.
“Uma condição essencial para aumentar os níveis de produção e garantir a identidade das comunidades indígenas, e também a paz e a segurança no mundo, é garantir o acesso à terra, e portanto, promover aos trabalhadores agrícolas seus direitos”, alegou.
Fonte: EFE