O papa Bento XVI criticou as diferenças sociais e econômicas existentes na América Latina e afirmou que “diante da secularização, da proliferação das seitas e da indigência” é necessário formar comunidades unidas na fé e “compartilhar os bens”.
As declarações foram feitas nesta quinta-feira em um discurso do Papa dirigido aos participantes do Conselho de Administração da Fundação Populorum Progressio para a América Latina, reunidos no Vaticano.
O Pontífice afirmou que a fundação foi criada há 15 anos por desejo de João Paulo II. Ele disse que o trabalho que ela realizou nos últimos anos em favor da dignidade de todo ser humano e da luta contra a pobreza “deve continuar”.
Com relação à América Latina, ele afirmou que a Igreja enfrenta enormes desafios, “mas, ao mesmo tempo, é a Igreja da esperança, que sente a necessidade de lutar em favor da dignidade de todo homem, de uma verdadeira justiça e contra a miséria”.
“A América Latina é uma parte do mundo, rica por seus recursos naturais, onde as diferenças no nível de vida devem dar lugar ao espírito de compartilhar os bens”, afirmou o Papa.
Bento XVI falou também sobre o método de trabalho da Populorum Progresio e como seus membros estudam e aprovam os projetos que vão apoiar.
O Papa ressaltou que a avaliação é feita pelos bispos da região em questão, já que assim, segundo ele, a decisão está nas mãos de quem conhece bem os problemas do lugar.
Ele disse que, desta forma, também se evita “certo paternalismo, sempre humilhante para os pobres”, e os fundos acabam chegando em sua totalidade aos mais necessitados, “sem se perderem em grandes processos burocráticos”.
Desde o dia 12, os membros da fundação estão reunidos no Vaticano para decidir a que projetos destinarão os quase US$ 1,8 milhão de seus fundos.
Este ano foram apresentados mais de 220 trabalhos destinados ao desenvolvimento da infra-estrutura, do comércio, da educação e da saúde das comunidades mais pobres da América Latina, segundo um comunicado da fundação.
A entidade é presidida pelo arcebispo Paul Josef Cordes e seu conselho de administração é dirigido pelo arcebispo de Manizales, na Colômbia, Fabio Betancur.
Desde sua criação, em 1992, a Fundação Populorum Progressio incentivou mais de dois mil projetos de apoio às comunidades indígenas e camponesas da América Latina, com uma contribuição financeira total de mais de US$ 20 milhões.
Fonte: EFE