O papa Bento 16 disse ao novo embaixador da Turquia junto à Santa Sé, Kenan Gursoy, que a Igreja Católica ainda espera um reconhecimento de status jurídico do governo do país, de modo a consentir em uma “plena liberdade religiosa”.

No encontro para a apresentação das credenciais do diplomata, ocorrido durante a manhã desta quinta-feira no Vaticano, o pontífice afirmou que a Turquia está se tornando um “parceiro crucial” nas relações multilaterais e lembrou que os católicos da região “apreciam a liberdade de culto garantida pela Constituição”.

Bento 16 também expressou votos para que o diálogo entre cristãos e muçulmanos “possa trazer uma maior confiança entre os indivíduos, comunidades e povos, especialmente nas áreas atormentadas do Oriente Médio”.

O Santo Padre recordou sua viagem a Istambul, ocorrida em 2006, “a primeira do papa a um país de maioria muçulmana” — com 75,2 milhões de habitantes, a Turquia é constituída por 97,3% de pessoas com essa crença.

O pontífice se disse satisfeito por exprimir sua estima pelos islamitas e “reiterar o compromisso da Igreja Católica em levar adiante o diálogo interreligioso em um espírito de mútuo respeito e amizade”, “dividindo o testemunho de fé em Deus que caracteriza cristãos e muçulmanos” e empenhando-se “em um conhecimento recíproco que estreite os laços de afeto que nos unem”.

Há 50 anos do início do relacionamento bilateral entre Turquia e Vaticano, o papa afirmou que “muito foi feito”, sobretudo em certas áreas de comum interesse.

Bento 16 se mostrou “confiante” de que as relações cordiais se aprofundarão e fortificarão como resultado da contínua colaboração sobre questões importantes atualmente presentes no diálogo multilateral.

União Europeia

Já Gursoy disse que a Turquia é uma nação democrática e laica e aproveitou a oportunidade para dizer que seu governo está pronto para ingressar na União Europeia (UE) — cerca de 3% do território se encontra neste continente, enquanto o restante pertence à Ásia.

“A Turquia aspira a se tornar um membro pleno da União Europeia. A Constituição garante os direitos humanos fundamentais e as liberdades, inclusive a religiosa e de culto, sem qualquer discriminação de religião, linguagem, raça, gênero, etnia e fé”, acrescentou.

A entrada na UE é uma reivindicação antiga dos turcos, mas seu ingresso é criticado por, especialmente, França e Alemanha, e vem sendo protelado devido a preocupações de ordem humanitária.

Gursoy afirmou ainda que seu país poderia ajudar a prevenir e resolver os conflitos entre nações ocidentais e o mundo islâmico, já que se comunica com ambas realidades. O papa concordou com essa afirmação, e disse que a Turquia “se encontra em uma posição ideal para ser uma ponte entre o islã e o Ocidente”.

“A Santa Sé aprecia as numerosas iniciativas que a Turquia já iniciou nesse sentido e está pronta a apoiar um ulterior esforço para por fim aos conflitos em ação há tempos na região. Como a história demonstrou várias vezes, as disputas territoriais e as rivalidades étnicas podem ser resolvidas de modo satisfatório quando as legítimas aspirações de cada parte são mantidas dentro da devida consideração, com a sensibilização das injustiças passadas e, quando possível, com sua reparação”, acrescentou Bento 16.

O pontífice também comunicou que o Vaticano atribui uma alta prioridade à busca de soluções justas e duradouras aos conflitos no Oriente Médio e se prontifica a “disponibilizar seus recursos diplomáticos a serviço da paz e da reconciliação”.

Fonte: Folha Online

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