Em carta aos seminaristas, papa Bento XVI pede aos religiosos respeito ao compromisso com a religião.
O papa Bento XVI disse nesta segunda-feira, 18, que os abusos de pedofilia, “que são absolutamente reprováveis, não podem desacreditar a missão sacerdotal, que conserva toda sua grandeza e dignidade” e que na vida celibatária se pode viver “uma humanidade autêntica, pura e madura”.
O Pontífice dirigiu uma longa carta aos seminaristas por ocasião do Ano Sacerdotal, e em uma das seções falou da sexualidade e do celibato e fez referência aos casos de pedofilia que atingiu a Igreja Católica.
“Devido a isso (abusos sexuais de sacerdotes a crianças e jovens), muitos poderão se perguntar, talvez também vós, se vale a pena ser sacerdote, se é sensato encaminhar a vida pelo celibato”, disse o papa, que, no entanto, apresentou argumentos para apoiar a ideia. “Todos conhecemos sacerdotes convincentes, forjados por sua fé, que dão testemunho de como neste estado, na vida celibatária, se pode viver uma humanidade autêntica, pura e madura”.
No entanto, Bento XVI advertiu aos seminaristas para que sejam “mais vigilantes e atentos”, examinando-se cuidadosamente “diante de Deus” para ver saber se esta é Sua vontade para eles. Para isso, ele ofereceu aos seminaristas sua própria experiência. “Em dezembro de 1944, quando me chamaram para o serviço militar, o comandante nos perguntou o que queríamos ser no futuro. Respondi que queria ser sacerdote católico”, assegurou.
O Pontífice encorajou os seminaristas a seguir sua vocação, porque “os homens, também na época do domínio tecnológico do mundo e da globalização, seguirão tendo necessidade de Deus, do Deus manifestado em Jesus Cristo e que nos reúne na Igreja”.
Na ocasião, o papa ressaltou a necessidade dos sacramentos para os sacerdotes. “Para realizar bem a Eucaristia é necessário também que aprendamos a conhecer, entender e amar a liturgia da Igreja em sua expressão concreta. Na liturgia rezamos com os fiéis de todos os tempos, que se juntam em um único e grande coro de oração”.
Bento XVI insistiu ainda na necessidade de estudo para os seminaristas, já que “a fé cristã tem uma dimensão racional e intelectual essencial”. “É importante conhecer a fundo a Sagrada Escritura em sua totalidade, em sua unidade entre Antigo e Novo Testamento: a formação dos textos, sua peculiaridade literária, a composição gradual dos mesmos até formar o cânone dos livros sagrados, a unidade de sua dinâmica interna que não se aprecia à primeira vista, mas que é a única que dá sentido pleno a cada um dos textos”.
[b]Fonte: Estadão[/b]