A cúpula da Igreja Católica irlandesa irá discutir nesta semana com o papa Bento 16 a resposta que o Vaticano deve dar a um relatório do governo da Irlanda a respeito de 30 anos de acobertamento de abusos sexuais de padres contra crianças.

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, disse que o papa e outros dirigentes da Santa Sé irão se reunir na sexta-feira com o cardeal Sean Brady, presidente da Conferência Episcopal Irlandesa, e com Diarmuid Martin, arcebispo de Dublin, para discutir “a dolorosa situação da Igreja na Irlanda”, depois da publicação do relatório da chamada Comissão Murphy.

O núncio apostólico em Dublin e dirigentes doutrinários do Vaticano também participarão do encontro, um raro evento sobre o problema dos abusos sexuais contra crianças pelo clero irlandês.

Nos últimos oito anos, a Igreja enfrentou várias outras denúncias de pedofilia em diversos lugares do mundo.

O relatório irlandês, divulgado em 26 de novembro, diz que a Igreja irlandesa ocultou obsessivamente os abusos até meados da década de 1990. Todos os arcebispos que passaram pela arquidiocese souberam das queixas, mas preferiram proteger a reputação da Igreja.

Um padre admitiu abusos contra mais de cem crianças. Outro afirmou que cometia um abuso contra crianças a cada duas semanas, durante mais de 25 anos.

Um outro relatório, há seis meses, continha descrições ainda mais explícitas e danosas sobre açoitamentos, trabalho escravo e estupros coletivos em muitas escolas industriais católicas durante o século 20. O relatório também acusava as autoridades da Irlanda, um país católico, de acobertarem as denúncias.

A Igreja Católica é uma das instituições mais influentes do país há séculos, mas a imprensa local diz haver grande frustração por parte do governo com a falta de resposta do Vaticano às denúncias.

A nota do Vaticano não dá pistas sobre que medidas o papa pode tomar. Em viagens a Austrália e EUA – dois países atingidos por denúncias de abusos sexuais contra crianças — ele fez duras críticas aos padres pedófilos.

Fonte: Reuters

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