A Congregação para a Causa dos Santos divulgará um breve um documento no qual, seguindo as indicações do papa Bento XVI, recomenda aos bispos “mais sobriedade e maior rigor” na hora de analisar o pedido de aberturas de novos processos de beatificação.
A afirmação foi feita pelo prefeito dessa congregação, o cardeal português José Saraiva Martins, ao “L’Osservatore Romano”, vespertino da Santa Sé.
Martins acrescentou que o documento está dirigido aos bispos diocesanos e aos postuladores (encarregados de solicitar a beatificação e canonização de uma pessoa venerável).
Trata-se, segundo Saraiva, de uma série de “instruções” de como proceder na hora de examinar a admissão de novos casos de beatificação e de como atuar durante a fase diocesana (a que se realiza na diocese onde nasceu ou morreu a pessoa que está em vias de ser beatificada).
“Este documento é necessário para responder ao novo estilo introduzido por Bento XVI para os ritos de beatificação. A beatificação de um servo de Deus é algo que toda a comunidade vive em um clima de festa e alegria, já que um deles foi elevado à glória dos altares. Por isso, é necessário proceder ainda com mais cautela e com mais meticulosidade”, disse Saraiva.
O cardeal rebateu as críticas que têm sido feitas à Igreja por supostamente esta ter se transformado nas últimas décadas em uma “fábrica de beatos”.
“Santos existem e não são fabricados”, afirma Saraiva, que também se referiu aos custos dos processos de beatificação ou canonização, assegurando que as maiores quantias em dinheiro estão relacionadas com as retribuições a médicos, teólogos e cientistas, assim como com a etapa de compilar documentação e testemunhos.
Após garantir que os processos são todos diferentes, o cardeal ressaltou que a Congregação para a Causa dos Santos “não determina os gastos” e que pode “assegurar” que, na hora de reconhecer uma santidade, “não adianta nem a estátua mais bonita nem o bolso mais cheio”.
“Quando está envolvido um santo de verdade, é a Igreja quem se mobiliza”, expressou.
O cardeal português declarou que a “fama de santidade” é a única que faz com que um processo de canonização tenha início. Atualmente estão pendentes na Congregação 2.200 processos de beatificação, ainda de acordo com Saraiva.
Sobre o processo de beatificação de João Paulo II, o cardeal afirmou que segue seu curso e que, “por enquanto, não se fala em um prazo para encerrá-lo”.
Fonte: EFE