Em seu primeiro dia em Lisboa para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o papa Francisco se reuniu, nesta quarta-feira (2), com vítimas de abusos sexuais de menores cometidos por membros do clero português. Há seis meses, foi divulgado um relatório sobre esses crimes.
Cerca de 80% dos habitantes de Portugal se definem como católicos.
“O encontro aconteceu em um ambiente de escuta intensa e durou mais de uma hora”, afirmou Vaticano.
Mais cedo, em discurso, o papa disse que “a desilusão e aversão que muitos nutrem em relação à Igreja, se deve, às vezes, ao nosso mau testemunho e aos escândalos que desfiguraram o seu rosto e que nos chamam a uma humilde e constante purificação, partindo do grito de sofrimento das vítimas, que sempre se deve acolher e escutar”.
Em fevereiro, um relatório de uma comissão de especialistas independentes revelou que 4.815 menores foram vítimas de abusos sexuais em um contexto religioso desde 1950. As agressões foram ocultadas pela cúpula eclesiástica de forma sistemática, segundo o documento.
O encontro do papa é uma tentativa de indicar que a Igreja do país tenta se reconciliar após essas revelações, disse a Conferência Episcopal do país.
Guerra na Ucrânia
Em seu primeiro discurso ante autoridades políticas de Portugal e o corpo diplomático, Francisco pediu que a Europa seja “uma construtora de pontes” para a paz na Ucrânia.
“O mundo precisa da Europa, da verdadeira Europa. Precisa do seu papel de construtora de pontes e de paz”, disse o pontífice, que defendeu reiteradamente o fim do conflito iniciado com a invasão russa à Ucrânia em fevereiro de 2022.
A agenda apertada de Francisco, 86, que se submeteu há dois meses a uma cirurgia no abdômen, começou com um encontro com o presidente de Portugal, o conservador Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém. Nos arredores, centenas de jovens peregrinos o aguardavam desde cedo ao som de tambores e canções.
Encontro com fiéis
Nos últimos dias, a capital portuguesa se encheu de grupos coloridos de jovens que desembarcaram de todos os continentes para participar de encontros festivos, culturais e espirituais.
A missa de abertura – celebrada ontem, ainda sem Francisco – reuniu 200 mil peregrinos em um parque da cidade, segundo a polícia portuguesa.
O primeiro grande encontro do religioso com os jovens acontecerá na tarde desta quinta-feira, em cerimônia no mesmo local, da qual poderiam participar 750 mil fiéis, segundo projeções de autoridades locais.
A menos de dois meses do começo, em Roma, de uma assembleia que irá discutir o futuro da Igreja, a JMJ atuará como um termômetro da posição dos jovens católicos em relação a questões como o tratamento das pessoas LGBTQIA+, o fim do celibato e a posição das mulheres.
Fonte: G1