O papa Bento XVI interveio nesta terça-feira para calar “os ataques injuriosos e injustos” lançados contra o Vaticano na imprensa italiana, e desmentiu com uma nota os rumores de conspirações e intrigas entre destacados eclesiásticos.

“O Papa está sendo informado permanentemente sobre o que ocorre, e lamenta os ataques injustos e injuriosos”, advertiu em um comunicado oficial a Secretaria de Estado da Santa Sé.

Trata-se de uma resposta pouco habitual, já que o Vaticano tradicionalmente guarda silêncio frente a todo tipo de escândalos, sobretudo quando envolvem importantes cardeais, bispos ou pessoas próximas ao atual chefe de Estado italiano, Silvio Berlusconi.

O caso explodiu no meio do ano passado, quando Dino Boffo, diretor do Avvenire, influente jornal do episcopado italiano, precisou se demitir do cargo depois de noticiado na imprensa que ele havia sido condenado pela justiça por abusar sexualmente de uma mulher para que ela deixasse seu noivo, com quem mantinha uma relação homossexual.

A informação, que gerou alvoroço nos meios de comunicação, foi desmentida meses depois pelo próprio autor da notícia, o deputado Vittorio Feltri, diretor do jornal Il Giornale, de propriedade da família Berlusconi. O parlamentar poderá ser suspenso ou expulso pela ordem dos jornalistas.

A campanha contra Boffo gerou uma tempestade política, sobretudo porque o jornalista católico é um dos maiores críticos da vida desregulada do primeiro-ministro e de suas festas em mansões com jovens prostitutas.

Apesar da renúncia de Boffo, o caso foi reaberto cinco meses depois e terminou envolvendo respeitados cardeais, após Feltri revelar que o documento que acusava Boffo de homossexualismo era falso.

Segundo a imprensa italiana, o diretor do jornal do Vaticano L’Osservatore Romano, Giovanni Vian, e o cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado da Santa Sé e braço direito do Papa, estariam por trás das acusações contra Boffo.

Fonte: AFP

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