O papa Bento 16 pediu desculpas por abusos sexuais na Igreja Católica na Austrália, dizendo que os responsáveis devem ser levados à Justiça.
“Eu lamento profundamente a dor e o sofrimento que as vítimas suportaram”, disse o pontífice na sua homilia em Sydney.

“Esses delitos, que se constituem em uma traição de confiança tão grande, merecem condenação inequívoca”, disse ele. “Os responsáveis por esse mal devem ser levados à Justiça.”

As vítimas de abusos na igreja na Austrália pediram ao papa que se desculpasse publicamente durante sua visita a Sydney para o Dia Mundial da Juventude, entre 15 e 20 de julho.

A Broken Rites, que representa vítimas de abuso na Austrália, listou 107 condenações para abusos na igreja, mas diz que pode haver milhares de vítimas, já que poucos casos são julgados. O papa enfrentou a questão de abuso sexual na Igreja Católica nos Estados Unidos durante uma visita a Washington em abril, reunindo-se com as vítimas e prometendo manter os pedófilos fora do sacerdócio.

Abusos sexuais de membros do clero católico ofuscaram a visita do papa a Sydney e o caso de abuso de um jovem de 25 anos na Austrália foi reaberto dias antes da chegada do pontífice.

Bento 16 afirmou que os abusos sexuais pelo clero tinham prejudicado a Igreja Católica.

“Eu gostaria de pausar para reconhecer a vergonha que todos nós sentimos como resultado do abuso sexual de menores por alguns membros do clero e por religiosos neste país”, disse o papa durante uma missa na Catedral de Santa Maria, em Sydney.

“Eu peço a todos vocês que apoiem e dêem assistência aos seus bispos e trabalhem junto deles para combater esse mal. As vítimas devem receber compaixão e cuidado…”

As vítimas de abuso afirmaram que o papa não deve apenas pedir desculpas por abusos cometidos por membros da igreja, mas também implementar um sistema de investigação das acusações. Eles dizem que a Igreja Católica na Austrália continua tentando encobrir esses incidentes.

Vítimas de abusos criticam pedido de desculpas

Organizações australianas que representam os interesses das vítimas de abusos sexuais cometidos por padres no país manifestaram seu descontentamento com o que consideraram uma “desculpa vazia” oferecida pelo papa Bento XVI.

“Quando se vai pedir perdão a uma vítima, se deve fazê-lo diretamente, lhe dizer que o sente e procurar medidas para ajudar, o que não ocorreu hoje”, disse à Efe Chris MacIsaac, presidente da organização Broken Rites, que presta assistência a pessoas que sofreram abusos cometidos pela Igreja Católica na Austrália.

O papa disse hoje, durante a homilia de uma missa na catedral de Santa Maria de Sydney, na qual estavam presentes os bispos australianos, que lamentava muito “pela dor e o sofrimento das vítimas”, e assegurou que, “como seu pastor, também compartilha seu sofrimento”.

Bento XVI falou a uma audiência de 3.400 pessoas, dentre as quais se encontrava o arcebispo de Sydney, o cardeal George Pell, além de bispos, seminaristas, religiosos e estudantes de escolas católicas do país.

MacIsaac apontou que duas vítimas de abusos sexuais cometidos por membros da Igreja Católica pediram audiências com o papa durante sua visita à Austrália, mas que ele não as concedeu, o que qualificou como “significativo, especialmente quando dizem que esta desculpa era para eles”.

“O papa utilizou a palavra ‘perdão’, e eu acho que realmente lamenta por tudo”, disse à EFE, por sua vez, Stephen Woods, que foi estuprado pelo sacerdote australiano Gerald Ridsdale quando tinha apenas 14 anos.

Ridsdale foi processado em 1995, se declarou culpado de ter estuprado Woods e continua na prisão.

Mas Woods, que sofreu abusos de outros dois padres aos quais foi pedir ajuda, disse ser “inaceitável” o pedido feito hoje pelo papa aos católicos, para que “apóiem e assistam os bispos, e trabalhem com eles para combater este mal”.

Fonte: Reuters e EFE

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