O Papa Bento XVI comentou nesta quarta-feira o papel do bispo na Igreja católica e pediu prudência em sua escolha, três dias depois da demissão do bispo de Varsóvia, Stanislaw Wielgus, acusado de ter colaborado com a polícia do regime comunista.

Durante a audiência geral das quartas-feiras, o Papa falou dos líderes religiososs do início do cristianismo, que entram entronizados com a chamada imposição das mãos, a mesma cerimônia que se realiza hoje em dia.

“A imposição das mãos é um gesto importante, que deve ser realizado com discernimiento”, afirmou. Bento XVI citou a advertência de São Paulo a Timóteo: “Não tenha afã de impor as mãos em alguém para evitar ser cúmplice dos pecados de outros”.

A citação foi interpretada como um convite à Igreja polonesa, profundamente dividida, para que seja prudente na escolha de seus líderes religiosos.

Wielgus renunciou no domingo como novo arcebispo de Varsovia sob a pressão do Vaticano, depois de ter mergulhado a Igreja da Polônia numa crise sem precedentes ao admitir ter colaborado com a antiga polícia secreta comunista.

Sua renúncia, sem precedentes, acontece depois de um grande escândalo provocado na Polônia pelas revelações de sua colaboração passada com os serviços especiais comunistas.

Segundo documentos publicados, Wielgus foi recrutado pela polícia secreta (SB) em 1967, quando ainda era um estudante de filosofia da Universidade católica de Lublin (leste). Sua colaboração durou mais de 20 anos. De acordo com estes documentos, Wielgus chegou a receber uma “formação especial para agentes”.

Na época, todos os países comunistas da Europa tinham sua polícia secreta para vigiar os cidadãos.

A Igreja polonesa foi obrigada a manter contatos com a polícia secreta para resolver todos tipos de problemas. Porém, segundo historiadores, mais de 10% de seus membros acabaram se tornaram agentes da SB.

Depois da queda do comunismo, a Igreja se manteve durante quase 17 anos em silêncio sobre suas relações com o poder totalitário da época.

Fonte: AFP

Comentários