Quando era cardeal, o papa Bento XVI pensou em eliminar um polêmico capítulo de seu livro “O espírito da liturgia”, de 2000, em que defendia a celebração de missas de costas para os fiéis, mas resolveu mantê-lo e estudos posteriores “demonstraram que era correta a idéia de base”.

Assim contou o próprio pontífice na introdução do primeiro volume de sua “Opera Omnia” (coletânea de todas as obras) em alemão, apresentada hoje no Vaticano.

Em “O espírito da liturgia” o então cardeal Joseph Ratzinger tratava, entre outros temas, da orientação do altar e dizia que era melhor o sacerdote dar as costas aos fiéis do que ao altar, o que lhe rendeu inúmeras críticas.

Bento XVI conta que diante da “distorção” criada sobre sua obra, “concentrada em nove páginas de um total das 200 do livro” e com o objetivo de que emergisse “seu autêntico tema”, chegou a pensar em várias ocasiões em tirar esse capítulo.

No final, ressaltou o papa, estudos sucessivos ao livro (dos teólogos Lang e Heid) demonstraram “que as idéias de fundo eram corretas, ou seja que a idéia de que os sacerdotes e fiéis devam se olhar de frente durante as preces, surgido na etapa moderna é completamente estranho aos antigos cristãos”.

“O sacerdote e os fiéis não rezam um a outro, mas voltados ao Senhor”, precisou o papa.

Bento XVI acrescentou na introdução do livro que “por sorte” se aceita cada vez mais a proposta que fazia no capítulo da polêmica: “não mudar a disposição das igrejas, mas simplesmente colocar uma cruz no meio do altar, à qual olhem juntos sacerdotes e fiéis olhando ao Senhor”.

O papa vem justamente potencializando, em seu Pontificado, a colocação da cruz no centro do altar.

Fonte: EFE

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