A comparação se refere ao fato de Tiririca (PR-SP), em 2010 ter sido eleito com 1,35 milhão de votos, garantindo a própria vaga e outras três cadeiras para colegas de sua coligação.
Entusiasmados com a notoriedade conquistada pelo deputado federal Marco Feliciano (SP) desde sua eleição para a presidência Comissão de Direitos Humanos da Câmara, os dirigentes de seu partido, o PSC, acreditam que o polêmico parlamentar poderá ser o Tiririca de 2014.
Em 2010, Tiririca (PR-SP) foi o candidato a deputado mais votado do país com 1,35 milhão de votos, 4,3 vezes o quociente eleitoral do Estado. Com isso, garantiu e própria vaga e outras três cadeiras para colegas de sua coligação.
O PSC-SP elegeu dois federais em 2010. Nas contas do presidente do diretório regional da sigla, Gilberto Nascimento, o partido, agora puxado por Feliciano, deverá saltar para até cinco eleitos no Estado em 2014.
“Feliciano virou um pop star”, afirma Nascimento, que também é pastor evangélico. “É o deputado mais citado do país, acho que é o evangélico que mais tem CDs rodando por aí e já deve ser o mais procurado [por candidatos a deputado estadual] para fazer dobradinhas em 2014”, diz.
Estima-se que o salto da bancada projetado por Nascimento ocorrerá se Feliciano passar de 1,2 milhão de votos. A conta leva em consideração um quociente eleitoral igual ao de 2010, quando ele teve 112 mil votos.
Protagonista dos anúncios publicitários que o PSC começou a divulgar na TV dias atrás, Feliciano tenta evitar dar mostras de empolgação. “Não acredito nesse número alto, espero o suficiente mais um”, disse à Folha.
A modéstia desaparece em seguida. “A mídia acabou me colocando em destaque e o efeito esperado foi o contrário: acharam que eu iria morrer politicamente, mas agora eu venho com força total”, afirma.
[b]MÉTODO[/b]
Quociente eleitoral é o mínimo de votos que o conjunto dos candidatos de uma sigla precisa ter para ganhar uma vaga no Legislativo. Ele é calculado pela divisão dos votos válidos da eleição sobre o total de cadeiras em disputa.
Quando alguém tem votação bem acima do quociente, acaba “carregando” para o parlamento colegas do partido ou da coligação, como ocorreu com Tiririca em 2010.
Para infelicidade do PR, porém, os três beneficiados pela votação de Tiririca naquele ano foram políticos de outras siglas, partidos com quem o PR estava coligado: Otoniel Lima (PRB), Protógenes Queiroz (PC do B) e Vanderlei Siraque (PT).
Foi fazendo essas contas que o PSC optou por não fazer coligação para a eleição proporcional em São Paulo no ano que vem. Assim, se Feliciano repetir o feito de Tiririca, os beneficiados serão todos do próprio PSC.
Na eleição majoritária, o partido irá apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Na nacional, o plano oficial é disputar com candidato próprio, o pastor Everaldo Pereira, do Rio.
[b]PARADOXO EVANGÉLICO
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Pode parecer estranho, mas líderes da Assembleia de Deus temem que uma eventual votação maciça em Feliciano acabe prejudicando a bancada da igreja na Câmara dos Deputados.
Isso ocorreria se os eleitores fiéis que costumam votar de forma pulverizada nos candidatos da igreja resolverem concentrar a votação nele.
Nessa hipótese, Feliciano ajudaria a eleger pelo quociente candidatos do PSC -não necessariamente evangélicos-, mas prejudicaria outros da própria igreja.
Um dos que correm risco com isso é o deputado federal Paulo Freire (PR-SP), filho do poderoso pastor José Wellington Bezerra, o líder do ramo Belém da Assembleia.
“Essa preocupação existe mesmo, já conversamos sobre isso”, diz Feliciano. “Mas não nos atrapalharia, porque a ideologia do PSC é a mesma [da igreja].”
[b]Fonte: Folha de São Paulo via Paraíba online[/b]