O Núncio Apostólico no Paraguai, Orlando Antonini, afirmou que a Igreja Católica “sofreu” quando o então bispo Fernando Lugo, atual presidente do país, resolveu se afastar das funções religiosas para se dedicar à política.

Antonini se encontrou ontem com o mandatário para se despedir dele, já que encerrou seus trabalhos no país, onde atuava há quatro anos, e agora deve exercer a mesma função na Sérvia.

Em 2006, Lugo apresentou sua renúncia ao cargo religioso para concorrer às eleições presidenciais do país –realizadas em abril de 2008 –, já que a Constituição paraguaia não permitia que ministros religiosos exercessem cargos públicos.

Na ocasião, o Vaticano repudiou a decisão e, no ano seguinte, lhe aplicou a suspensão “a divinis” (condição em que o deixou como bispo, mas sem poder exercer suas funções na diocese). Somente em julho de 2008 a Santa Sé concedeu a Lugo a redução ao estado laico.

Segundo Antonini, a Igreja Católica, por meio de sua Nunciatura e bispos locais, tentou impedir que Lugo deixasse sua condição eclesiástica, mas não conseguiu.

“De toda forma, nós reconhecemos a vontade do povo, não há dificuldade nisso. Ele é o presidente”, comentou o núncio, ressaltando que “a Igreja ficou em mal estado e precisará de anos para digerir o acontecido”.

“Espero que os paraguaios reconheçam esse sofrimento da Igreja, este sacrifício que a Igreja fez, que se valorize isso”, expressou o religioso.

Em uma coletiva de imprensa, Antonini disse que a Igreja Católica também foi afetada no início do ano, quando três mulheres pediram para o mandatário reconhecer a paternidade de seus filhos.

Lugo, por sua parte, reconheceu apenas a paternidade de um menino de dois anos, proveniente de uma relação que teve Viviana Rosalith Carrilo, de 26 anos, enquanto era bispo emérito em São Pedro.

“É certo que tive uma relação com Viviana Carrillo, assumo todas as responsabilidades, reconhecendo a paternidade do menino”, disse o governante na ocasião.

Fonte: Ansa

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