“Pastores e líderes evangélicos no Brasil devem ficar atentos a alguns mercenários que se apresentam como ovelhas, mas que por dentro são lobos devoradores que podem querer se aproveitar da tragédia no Haiti, a fim de levantar doações, claro que em dinheiro, para socorrer as vítimas do terremoto, mas que nunca pisaram os pés no Haiti”. As afirmações são do pastor Ivens, líder do Projeto Sol Nascente, da igreja Bola de Neve.
O projeto, que surgiu há aproximadamente cinco anos, partiu para o Haiti em abril de 2009 e desde então vem acompanhando a situação econômica e social daquele país.
Neste ano, após o terremoto em 12 de janeiro, o pastor conta que foi notificado de que falsos missionários brasileiros e igrejas com objetivos fraudulentos estariam angariando fundos que supostamente iriam auxiliar as vítimas da tragédia no Haiti.
Em entrevista exclusiva ao Guia-me, o missionário fala sobre a atuação do Projeto Sol Nascente, como falsas missões brasileiras estão juntando recursos para atuar no Haiti. O pastor dá orientações de como a Igreja brasileira deve se posicionar diante desses apelos e aponta: “Tenho vindo ao Haiti ha algum tempo e, aqui não há informações de missões evangélicas brasileiras, com algumas raras exceções”.
Confira a entrevista:
Guia-me: Como atua a missão?
Pr. Ivens: A missão é fazer a “ponte”entre a Igreja no Brasil e a Igreja no Haiti. O Projeto tem como objetivo principal ajudar a igreja evangélica do Haiti que se encontra enferma espiritualmente e precisa urgente de cura. Deus escolheu a igreja do Brasil para trazer essa cura e libertação para a igreja do Haiti. O texto bíblico que essa missão está embasada é Atos 3:1-9, onde Pedro e João representam a Igreja do Brasil e o coxo a igreja do Haiti. A missão desenvolve várias frentes de atuação, visando completar essa obra de “levantar” a Igreja no Haiti.
Guia-me: Como o senhor tomou conhecimento de igrejas brasileiras que estão levantando falsamente fundos para o Haiti?
Pr. Ivens: Não seria ético dizer de que maneira fiquei sabendo de atitudes de alguns aproveitadores no meio da igreja evangélica, diante da tragédia no Haiti, mas posso lhe assegurar que isso já vem acontecendo e, não é só no Brasil não. Tenho informações que, principalmente nos EUA, alguns estão se aproveitando da situação para angariar fundos para missões que nem existem no Haiti.
Para terem uma ideia, fotos que eu tirei no Haiti, já foram vistas sendo usadas por pessoas que nunca vieram ao Haiti, mas que estão dizendo por aí que agora vão fazer missões no Haiti.
Estou há uma semana aqui no Haiti, acampado no lugar onde todas as ajudas humanitárias do mundo inteiro chegam, que é a Base de Operações da Minustah-Onu e tenho conversado com muita gente aqui dentro bem informada. Até agora só vi alguns voluntários da CientologiA, uma seita americana, alguns missionários católicos e até um hare krishna, mas não há informação sobre trabalhos de missionários vindos do Brasil, com exceção de alguns grupos de batistas americanos e um grupo da Jocum que parece que está chegando agora.
Como a Igreja brasileira deve se posicionar diante desses apelos?
A recomendação que dou é de que os pastores que receberem alguém falando do Haiti, verifiquem bem se essa pessoa realmente tem um histórico de atuação no país. Alguns estão dizendo que nunca estiveram no Haiti, mas que pretendem iniciar um trabalho no aqui, mas isso tem que ser muito bem analisado, pois fazer missão no Haiti não é a mesma coisa que fazer missão na periferia de uma grande cidade no Brasil.
O senhor comentou que poucas igrejas têm se atentado no mundo para os problemas do Haiti. O que falta para esse despertar social e missionário?
O Projeto Sol Nascente, como poderão verificar no site, tem como objetivo principal promover a união entre Igreja no Brasil e Haiti. Hoje mesmo, estive reunido com um pastor daqui do Haiti que estará sendo nosso principal colaborador no sentido de receber e distribuir donativos à população em geral, mas principalmente aos da família da fé, segundo Gal. 6:10.
Também tenho ótimo relacionamento com os militares brasileiros da BRABATT-MINUSTAH aqui em Porto Príncipe e posso dizer que o Senhor nos abriu portas para podermos trabalhar junto com as forças armadas, em uma parceria para desenvolvermos uma série de atividades aqui no Haiti que só seria possível com o apoio deles.
Também conto com apoio do embaixador do Brasil no Haiti, Sr. Igor Kipman, com o qual tenho mantido constantes diálogos pessoalmente. Nosso embaixador, assim como a embaixatriz, são pessoas de uma humildade e sensibilidade incríveis e estão sempre dispostos a ajudar aqueles que vierem ao Haiti com propósitos sérios.
Fonte: Portal Guia-me