O apresentador, ator, jornalista e também bispo Edilásio Barra assumirá a Superintendência de Desenvolvimento Econômico da Agência Nacional de Cinema, a Ancine.
No cargo, será responsável pela gestão do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).
A nomeação foi anunciada no Diário Oficial da União nesta quarta-feira (23). O Fundo Setorial é o principal mecanismo de fomento direto à indústria do cinema e do audiovisual no país. Em 2018, movimentou R$ 800 milhões e, neste ano, até agora, pelo menos R$ 396 milhões, segundo a própria assessoria da Ancine.
Tutuca, como é conhecido, já havia sido indicado, no primeiro semestre, a um cargo na pasta da Cidadania. O ministro Osmar Terra teve como plano colocá-lo na direção da Secretaria de Audiovisual, que é vinculada à Secretaria Especial de Cultura. Mas houve resistência mesmo entre bolsonaristas.
O ator e deputado Alexandre Frota, então no PSL —expulso da legenda por infidelidade partidária e agora filiado ao PSDB— reclamou na ocasião que Tutuca não tinha formação para ocupar o cargo na Secretaria de Cultura.
Osmar Terra então recuou da decisão, mas, em julho, acabou dando a Tutuca o cargo de diretor do Departamento de Políticas Audiovisuais.
Entre as atribuições deste cargo estavam a elaboração de estudos e metas para as políticas do setor e a formulação de programas de fomento para o audiovisual no país.
Tutuca teve sua carreira marcada por trabalhos na televisão, primeiramente como ator, depois como apresentador. Comandou o Programa VIP, na RedeTV!, cujo foco eram os temas de coluna social. Também trabalhou na CNT, entrevistando artistas, socialites e empresários —e por esses trabalhos já foi chamado de “Amaury Jr. carioca”.
Formado jornalista em 1984 e pós-graduado pela Universidade Candido Mendes, do Rio, atuou ainda como diretor do programa Rio de Prêmios, exibido pela Record, e do esportivo Copa Super 7 também na RedeTV!.
Foi um dos fundadores, em 2011, da Igreja Continental do Amor de Jesus, que tem sede no Rio de Janeiro, da qual é pastor. Também se candidatou a vereador pelo PSD na capital fluminense em 2012.
Na superintendência de desenvolvimento econômico da Ancine, entre outras atribuições, ele será responsável pela operação das chamadas públicas do Fundo Setorial.
É uma cadeira que desempenha papel fundamental na concretização de diversos objetivos da agência, “entre eles aumentar a competitividade da indústria, promover a sustentabilidade própria do setor e promover a articulação dos vários elos da cadeia produtiva do audiovisual”, diz nota da agência sobre a nomeação.
Também, segundo a assessoria de imprensa da Ancine, o cargo responde por “estimular a diversificação da produção para o cinema e para a TV e o fortalecimento da produção independente e das produções regionais [no país]”.
Para Marcelo Calero, membro da Comissão de Cultura na Câmara, a nomeação de Tutuca mostra “uma contradição com o próprio discurso pelo qual Bolsonaro foi eleito, o de preenchimento de cargos por critérios técnicos”.
Para o deputado, que é também ex-ministro da Cultura do governo de Michel Temer, a nomeação “faz parte de uma onda obscura que não consegue enxergar o óbvio caráter estratégico do setor”.
Outros cineastas e profissionais da área preferiram não opinar sobre a nomeação de Tutuca, alegando que eles não o conheciam o suficiente.
O que está sendo considerado pelo setor é que há grandes chances de que, futuramente, Tutuca passe a integrar a direção da Ancine. Procurado pela Folha, o jornalista e pastor diz que só concederá entrevistas após a sua posse.
Fonte: Folha de S. Paulo