Durante encontro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com pastores e evangélicos em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira, 9, o pastor Sergio Dusilek, presidente da Convenção Batista Carioca (CBC), disse que a igreja evangélica deve pedir perdão ao ex-presidente.
“Presdiente Lula, a igreja evangélica tem que pedir perdão ao senhor. A igrejas tem que pedir perdão ao presidente Lula”, disse Sergio Dusilek, da Convenção Batista Carioca. “O senhor não foi só alvo da injustiça do Judiciário brasileiro, mas o senhor também é alvo da injustiça do clero brasileiro”.
“O que Deus pede a Lula e a Alckimin? Que vocês pratiquem a justiça, amem a misericórdia e andem humildemente com o Senhor Deus”, finalizou Dusilek desejando uma vitória “acachapante” no primeiro turno.
O encontro de Lula com evangélicos em São Gonçalo ganhou ares de culto. Realizado para aproximar a campanha petista do eleitorado cristão —grupo em que o presidente Jair Bolsonaro (PL), seu principal adversário, está mais bem consolidado—, o evento teve apresentação de jingles gospel e a leitura da Carta de Evangélicos a Lula.
Lula procurou mostrar proximidade com a religiosidade evangélica e que acredita em Deus. Ele reforçou o compromisso com a liberdade religiosa, disse que pretende “fazer um governo para todos” e voltou a reforçar que o Estado é laico —tudo isso sem deixar de cutucar Bolsonaro.
“Eu aprendi que o Estado não deve ter religião, não deve ter igreja, deve garantir o funcionamento da igreja. Eu posso dizer para vocês, eu admito um ser humano normal mentir, mas não é aceitável um pastor que diz que fala em nome de Deus, mentir. Ninguém deve utilizar o nome de Deus em vão.”, disse Lula em seu discurso.
Sem cerveja e sem pauta de costumes
O voto evangélico é um dos redutos mais sólidos do presidente nesta eleição e Lula tem tentado se aproximar. A campanha, no entanto, evita entrar nas chamadas “pautas de costume” —algo que, no entendimento petista, seria uma guerra perdida.
Se não pretende entrar em temas conservadores, foca no bolso e tenta desmentir fake news relacionadas a religião, como o boato sobre o fechamento de igrejas.
O tom das falas do ex-presidente também sofreu mudanças sutis e pontuais. Frase comum em seus discursos, Lula alterou o “churrasquinho e cervejinha” para dialogar melhor com o público, suprimindo a bebida alcoólica.
“Quando eu falo de churrasquinho, não estou brincando. Eu falo porque sei que no Rio de Janeiro o povo adora se reunir no fim de semana para comer um churrasquinho, reunir a família e repartir o pão.” disse Lula a evangélicos.
Como previsto, o viés econômico foi mantido. Embora o discurso tenha sido moldado ao público, não houve embate por costumes conservadores e sim foco em temas comuns como renda, poder de compra e inflação, caros especialmente às classes média e baixa, absoluta maioria do público.
“Pobre não pode viajar, não tem que comer em restaurante. É mentira! Ninguém vai por opção ser pobre. Todo mundo quer comer carne de primeira, todo mundo quer ir para restaurante, todo mundo quer ter casa, todo mundo quer ter computador”, declarou o ex-presidente, em fala recorrente, mas que, neste contexto, alinhada com o discurso da prosperidade cristã.
Oração final
Ao fim do discurso de Lula, uma das pastoras voltou ao palco para abençoar o ex-presidente. Em sua fala, ela pediu: “Senhor, desfaz as obras contra a vida deste homem”. Ao longo de dois minutos, a pastora também pediu bênçãos para que Lula “possa governar com inteligência e sabedoria”.
“Cubra ele com teu sangue, Senhor, e que a glória da última casa seja maior do que a da primeira”, disse, em alusão a outra passagem bíblica —momento em que a plateia reagiu.
Confira o evento na íntegra:
Folha Gospel com informações de UOL e BOL