A pastora Juliana Sales, que virou ré no processo e foi presa acusada de omissão pela mortes dos filhos, sabia que o marido, o pastor Georgeval Alves, pretendia usar as mortes das crianças para ganhar notoriedade e ascensão religiosa, além de conseguir mais fiéis e dinheiro para sua igreja.
George Alves está preso desde o dia 28 de abril acusado de estuprar e matar seu filho e seu enteado, os irmãos Kauã Salles Butkovsky, de 6 anos, e Joaquim Alves, de 3, mortos carbonizados no dia 21 de abril. Juliana foi presa na madrugada da quarta-feira (20).
Segundo o juiz André Dadalto, da 1ª Vara Criminal de Linhares, Juliana sabia dos desvios de caráter do marido, dos abusos sexuais sofridos pelos filhos, e mesmo assim apoiava os planos dele de se promover na igreja. Foi Dadalto quem determinou a prisão da pastora. Segundo o G1, a defesa dela disse que não vai se manifestar até ter acesso às informações.
“O pastor George, em parceria com a pastora Juliana, buscava uma ascensão religiosa e aumento expressivo de arrecadação de valores por fiéis e, para esta finalidade, ceifou a vida dos menores Kauã e Joaquim para se utilizar da tragédia em seu favor”, diz a decisão.
Ainda de acordo com Dadalto, troca de mensagens pelo celular apontam que Juliana sabia do comportamento sexual do marido. Em uma delas, ela diz ter ‘nojo’ e ele respodia que se sentia ‘imundo’ e um ‘lixo’ por conta dos atos.
Ainda na decisão, o juiz afirma que as crianças relataram sobre os abusos sexuais que sofreram do pai na escola. Em um episódio, Kauã chorou desesperadamente, mas disse aos professores que não poderia contar o motivo. O irmão dele, Joaquim, também falou que sofria abusos na escola onde estudava. Os pais foram acionados e alegaram que os supostos abusos não eram em casa e acusaram uma outra criança de 5 anos.
Pelo celular, Juliana também enviou para a mãe uma mensagem afirmando que dormiu bem após a morte dos filhos. E para o marido enviou: “eu não estou preparada para dar errado”. Outra mensagem que também chamou a atenção na investigação foi em uma conversa com outros pastores. “Não sei se vou conseguir ser forte até o final”, afirma.
A decisão diz também que os pastores não reagiram quando Kauã “sofreu ‘maldades’ por parte de dois ‘caras’ na piscina”.
O juiz revelou que após a morte das crianças, o casal esteve na casa para jogar vários objetos no quarto. Em seguida, eles retiraram quase todos os objetos, além de lençóis e roupas de cama, que foram entregues a outras pessoas para serem lavados.
O crime
Inquérito apontou que o pastor abusou das crianças e, em seguida, colocou fogo nas vítimas na casa onde eles moravam, em Linhares, no dia 21 de abril. Na época, a mãe das crianças disse que estava viajando com o filho mais novo do casal. Por conta disso, chegou a descartar a participação de Juliana no crime. Mas após o investigação, foi descoberto o contrário.
Segundo revelou o delegado André Jaretta, foram encontrados vestígios de sêmen nas crianças e sangue no banheiro após exames periciais. “Com as duas vítimas ainda vivas, porém desacordadas, o investigado as levou até o quarto, as colocou na cama e ateou fogo nas crianças, fazendo com que elas fossem mortas com o calor do fogo”, contou o delegado ao G1 Espírito Santo.
Fonte: Correio 24 Horas