A peça “Pequenas Igrejas Grande Negócios”, que seria apresentada no próximo sábado (17), em Mogi Mirim (SP), foi cancelada.
A sátira com tema religioso causou polêmica na cidade, chegou ao plenário da Câmara e às redes sociais.
A representação da Bíblia com nota de R$ 100 foi alvo de manifestação de parlamentares e teve até quem recorresse ao prefeito para impedir o espetáculo. Para o produtor Benê Silva, houve “censura”.
Em nota publicada nas redes sociais, a Prefeitura de Mogi Mirim informa que a produtora optou pelo cancelamento “em decorrência de manifestações contrárias”. O G1 não conseguiu contato com a administração para comentar o fato.
Um dos vereadores que se manifestou contra a peça, Samuel Cavalcante (PR), classificou o cartaz com a imagem da Bíblia como desrespeitoso e que o cancelamento ocorreu pelo Executivo, apesar de confirmar que pediu, via assessoria do prefeito, o cancelamento da peça.
“Eu solicitei ao prefeito, mas ele já tinha em mente o cancelamento devido cobranças feita por líderes religiosos. A Bíblia é um livro sagrado para nós, cristãos”, defende o parlamentar.
Questionado sobre a possível a interferência do Legislativo em um tema religioso em um Estado laico, Cavalcante alega que “acima de tudo devemos permear o respeito e o bem-estar coletivo.”
Segundo Benê Silva, a peça retrata um padre e um pastor de uma pequena cidade, que não são contemplados com grandes receitas, e eis que diante um fato milagroso eles veem a chance de arrebanhar mais fieis e ter mais contribuições da igreja. O produtor ressalta que a peça não é uma crítica aos evangélicos ou católicos.
O vereador Tiago Costa (PMDB) também utilizou as redes sociais e o plenário da Câmara para se manifestar contra o espetáculo. O parlamentar criticou a representação da Bíblia com a nota de R$ 100, mas garante que não interviu para o cancelamento do evento. “Não sou contra a arte. Quem somos nós para cercear algo?”, afirma
Evangélico, Costa disse que se posicionou por considerar que houve um “exagero na dose” no cartaz.
Segundo o parlamentar, o tema, em nenhum momento, foi alvo de suas críticas. “Nós sabemos que existem os dois lados da religião. Não adianta tapar o sol da peneira”, completa.
Com o cancelamento em Mogi Mirim, Benê Silva conta que negocia a apresentação da peça na vizinha Mogi Guaçu (SP).
Fonte: G1