As pessoas citadas no processo que investiga o envolvimento de padres da Igreja Católica da Paraíba em crimes sexuais contra adolescentes serão intimadas a depor a partir da segunda quinzena deste mês. A revelação foi feita nesta quinta-feira (3) pelo promotor de Justiça José Guilherme Soares, responsável pela investigação aberta no final de outubro no Ministério Público da Paraíba (MPPB) para apurar o caso. Em relação aos padres acusados, ainda não há data ou período agendado para ouvi-los.

Segundo José Guilherme, o momento agora ainda é de ‘garimpagem’. Até o mês passado, a apuração das denúncias estava a cargo do Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB). Mas um conflito de competência foi levantado junto ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que não viu fundamentos de exploração do trabalho na suposta relação homo-afetiva ou prática de pedofilia dos religiosos com seminaristas e outros adolescentes.

A análise do CNMP foi submetida à apreciação e deliberação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que no dia 11 de outubro último decidiu atribuir a apuração ao Ministério Público Estadual. A decisão, do procurador-geral da República em exercício José Bonifácio Borges de Andrada, atesta que os fatos “têm nítida repercussão criminal”, o que evidenciaria a atribuição do Ministério Público da Paraíba para a sua investigação.

[b]Aprofundando a investigação
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José Guilherme afirmou que está empenhando em analisar o que já foi apurado pelo MPT-PB, para definir o que pode ser aproveitado na área criminal. “A partir daí, sim, vamos dar início à fase dos depoimentos das pessoas citadas”, disse, explicando que essa etapa antecede naturalmente a oitiva dos religiosos. Ainda de a acordo com o promotor, ao mesmo tempo que analisa, o MP também aprofunda a investigação quando julga necessário.

“Se há alguma coisa que interessa ao âmbito trabalhista, é preciso separarmos da parte criminal”, frisou, mas confirmando que a acusação é mesmo de abuso sexual de padres contra adolescentes.

O processo de investigação foi iniciado pelo procurador do Trabalho Eduardo Varandas, no final de 2015. No MPT-PB, o processo apontava indícios de exploração sexual de adolescentes, que ocorre quando há troca de sexo por vantagem financeira, que também pode ser representada por presentes.

No final de setembro, a Arquidiocese da Paraíba suspendeu três padres do sacramento da Ordem por tempo indeterminado, mas não revelou os motivos. Contudo, sabe-se que os três são o Monsenhor Jaelson Andrade, Monsenhor Ednaldo Araújo e o Padre Severino Melo.

[b]Fonte: Jornal da Paraíba[/b]

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