Revelações de abusos contra clérigos abalaram a igreja neste ano, particularmente na Europa, nos Estados Unidos e na Austrália.

Uma em cada cinco crianças que vivem na Europa sofre abusos sexuais, de acordo com uma estatística do Conselho da Europa divulgada nesta terça-feira em Moscou.

“O número é assustador”, declarou a sub-secretária geral da organização, Maud de Boer-Buquicchio, que ressaltou que a proteção das crianças contra toda forma de violência é uma prioridade política.

De Boer-Buquicchio destacou o papel das convenções internacionais de supervisionar e avaliar a aplicação por parte dos Estados de medidas para combater a violência contra as crianças.

A funcionária citou a Convenção Europeia de Direitos Humanos, aprovada pelo Conselho da Europa em 1950 como um dos documentos principais que condenam este tipo de crime.

Os dados do Conselho da Europa vêm à tona um dia depois de o Vaticano anunciar que o papa Bento 16 vai reunir cardeais do mundo todo em Roma na próxima semana para discutir escândalos sexuais envolvendo membros da Igreja Católica.

A cúpula — que ocorrerá no próximo dia 19– será presidida pelo cardeal americano William Levada.

[b]CRISE[/b]

Alegações de abusos contra clérigos tomaram dimensão internacional, com a revelação de milhares de supostas vítimas e de indícios de que inúmeros casos foram acobertados pelo Vaticano durante décadas. As revelações abalaram a igreja neste ano, particularmente na Europa, nos Estados Unidos e na Austrália.

Desde a eclosão de uma série de escândalos em vários países neste ano, e sob fortes críticas de que o Vaticano teria feito vistas grossas, o papa tem feito reiteradas declarações públicas condenando os casos. Ele já admitiu que a Igreja não tomou medidas suficientes para deter os abusos e se reuniu com vítimas do mundo todo, prometendo combater a ocorrência de novos abusos.

No mês passado, ele disse que os abusos são “absolutamente reprováveis”, mas não podem desacreditar a missão sacerdotal, e que na vida celibatária se pode viver “uma humanidade autêntica, pura e madura”.

Em visita ao Reino Unido em setembro, Bento 16 já havia condenado a “perversão” de sacerdotes e lamentado a falta de vigilância da igreja para os casos de pedofilia. Em junho deste ano, ele chegou a “implorar perdão” a Deus e às vítimas de abusos sexuais por sacerdotes.

Bernie McDaid e Gary Bergeron, fundadores do site de vítimas de abusos (www.survivorsvoice.org), disseram na última sexta-feira (5), em coletiva de imprensa, que iniciariam uma petição para que a Organização das Nações Unidas considere a pedofilia sistêmica um crime contra a humanidade.

“Não somos aleijados. Somos pessoas feridas e que agora estão dispostas a falar sobre isso. A culpa e a vergonha estão encobertas”, afirmou McDaid, que se tornou uma das primeiras vítimas de abuso a se encontrar com o papa, em Washington, há dois anos.

[b]Fonte: Folha Online
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