A indiciada é a candidata a deputado federal Antonia Luciléia Câmara. A família Câmara comanda na região Norte a Igreja Assembleia de Deus e é proprietária da Fundação Boas Novas.

A Polícia Federal do Acre indiciou sete pessoas nesta quarta-feira no inquérito que apura a origem dos R$ 472 mil apreendidos no início deste mês, em Rio Branco (AC), em uma caixa de papelão dentro de um carro.

Entre os indiciados, sob acusação de crime eleitoral e formação de quadrilha, está a candidata a deputado federal Antonia Luciléia Cruz Ramos Câmara, mulher do deputado federal pelo Amazonas, Silas Câmara, ambos do PSC.

Por meio da assessoria de imprensa, a candidata Antonia, que se apresenta aos eleitores como missionária da Igreja Assembleia de Deus, nega crime eleitoral.

Diz que o dinheiro apreendido na caixa de papelão foi doação de um empresário de Boca do Acre (AM) à Rádio e Televisão Fundação Boas Novas, que pertence à igreja do Amazonas.

Para realizar a ação ontem, a PF montou a Operação Eleições Livres. Foram indiciados mais dois candidatos a deputado estadual –seus nomes não foram divulgados.

Policiais cumpriram 34 mandados de busca e apreensão em Rio Branco e outras quatro cidades no Acre e no Amazonas. Em Manaus, no comitê do candidato Silas Câmara foi apreendida uma CPU de computador, que será periciada na capital amazonense.

Segundo o superintendente da PF no Acre, delegado José Carlos Calazane, a candidata Antonia foi indiciada sob acusação de crimes de doar dentaduras, óculos, motores e combustíveis, elaborar lista de eleitores (que caracteriza o crime de corrupção eleitoral), movimentação financeira clandestina (cerca de R$ 472 mil oriundos de Manaus), entre outros crimes.

Ele disse que existem provas da vinculação do dinheiro com a campanha de Antonia. “Digamos que as provas são 99% incontestáveis”, afirmou Calazane.

A família Câmara comanda na região Norte a Igreja Assembleia de Deus. É proprietária de emissoras de rádio e televisão, escolas e universidade, e da Fundação Boas Novas, com ramificações de negócios no Rio de Janeiro e São Paulo.

Desde 2004, a PF do Amazonas investiga suposto crime de lavagem de dinheiro e remessa ilegal de recursos da Igreja para o exterior.

O delegado Sérgio Fontes, superintendente da PF no Amazonas, afirmou que o pastor Jonatas Câmara, dirigente da Igreja Assembleia de Deus, foi convocado para depor nesta semana.

Uma das teses da investigação é que o dinheiro apreendido em Rio Branco pertença à igreja. A reportagem procurou os Câmara para falar. A assessoria de Silas disse que ele estava em viagem ao interior do Amazonas. Assessores de Jonatas disseram que ele estava em reunião e não poderia atender a reportagem.

O advogado Paulo Henrique, que defende a candidata Antonia, disse que ela ficou das 9h às 17h na sede da PF prestando depoimentos. Segundo o defensor, ela não tem condições de falar hoje sobre o caso.

[b]Fonte: Folha Online
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