Polêmica em Recife. A prefeitura da capital resiste à pressão da Igreja Católica e informa que vai manter a iniciativa de disponiblizar a pílula do dia seguinte para mulheres que tenham mantido relações sexuais durante o carnaval sem camisinha ou que tenham sofrido estupro.

Duas prefeituras de Pernambuco vão distribuir o medicamento, mas a Pastoral de Saúde da Arquidiocese de Olinda e Recife considera a medida promíscua, quer vetá-la e promete ir até à justiça se as autoridades não desistirem da iniciativa. A Pastoral tem reunião programada para a tarde desta quarta-feira para voltar a discutir o assunto.

Os kits serão distribuídos em postos de saúde instalados em locais de grande movimentação no Recife e em Paulista, região metropolitana. Cada estojo contém dois contraceptivos de emergência, além de uma camisinha masculina e uma feminina.

Segundo a prefeitura de Recife, a pílula não será distribuída aleatoriamente, mas sim para aquelas pessoas que precisarem. No ano passado a medida foi colocada em prática. As prefeituras das duas cidades argumentam que as pílulas podem prevenir a gravidez indesejada, principalmente entre os jovens.

– Para garantir os direitos sexuais das mulheres, a gente tem que garantir o acesso o mais rápido possível ao anticoncepcional, mas antes de tomar a pessoa tem que passar por uma consulta para o medicamento ser prescrito pelo médico – afirmou a gerente da Prefeitura do Recife, Benita Spinelli.

Para a Arquidiocese de Olinda e Recife, os comprimidos estimulam a prática do sexo e até mesmo do aborto.

– É uma decisão criminosa porque fere todos os princípios de defesa da vida e da sua concepção. A gente entende que a vida tem início a partir da fecundação. A prefeitura tem que orientar a população a não tomar esse caminho de cultura da morte – disse Vandson Holanda, da Pastoral da Saúde.

Alheio a polêmica, mas de olho na prevenção, o ministério da Saúde deve enviar aos estados e ao Distrito Federal, na próxima semana, quase 20 milhões de camisinhas para o carnaval. Em Salvador, como acontece há 11 anos, o Bloco da Camisinha pretende distribuir 50 mil preservativos entre os foliões.

Governo vai distribuir 20 milhões de camisinhas para o Carnaval

O Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira que quase 20 milhões de camisinhas serão distribuídas em todo o país antes do Carnaval, um número 77 por cento maior do que os 11milhões entregues no ano passado.

“O número de preservativos enviados atende aos planos de necessidades elaborados por Estados e municípios”, afirmou em nota o Ministério da Saúde, que em 2007 comprou por licitação 1 bilhão de camisinhas ao valor de 0,06 real a unidade.

Somente em São Paulo serão distribuídos mais de 4,5 milhões de preservativos e, no Rio de Janeiro, 1,6 milhão, de acordo com comunicado do ministério. As camisinhas devem chegar a todos os Estados e ao Distrito Federal até o início da próxima semana. O envio de 19,5 milhões de preservativos representa a primeira distribuição deste ano.

Segundo o ministério, os preservativos serão entregues às Secretarias Estaduais de Saúde, que as repassarão ao municípios e para organizações da sociedade civil que desenvolvem ações de prevenção.

Os Estados das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste arcam com 10 por cento do valor total estimado dos preservativos, enquanto os do Sul e do Sudeste terão de desembolsar 20 por cento do montante total de camisinhas, segundo o ministério.

Fonte: O Globo

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