A polícia britânica investiga uma misteriosa série de enforcamentos de jovens, registrados em uma região remota do País de Gales, que levanta temores de um pacto suicida via um site de relacionamentos muito popular.
Natasha Randall, 17 anos, é a última vítima descoberta na quinta-feira passada, em Blaengarw, uma pequena cidade de cerca de 2 mil moradores situada nas imediações de Bridgend, no sul do País de Gales.
Esta morte é o sétimo suicídio por enforcamento em um ano nesta região rural. A série começou com a descoberta do corpo de Dale Crole, 18 anos, em um edifício desalojado onde se enforcou em janeiro de 2007. No mês seguinte, um jovem de 19 anos se enforcou em casa, e um pouco mais tarde outro jovem de 20 anos foi encontrado também com o corpo pendurado. Ele era amigo das duas primeiras vítimas.
Em agosto passado, foi a vez de um adolescente de 17 anos. Depois Liam Clarke, 20 anos, e amigo de Dale Crole, se enforcou em dezembro. Uma sexta vítima, um homem de 27 anos, se suicidou no início de janeiro.
As vítimas se conheciam, eram em alguns casos amigos próximos, e a Polícia indicou seu interesse particular em um computador utilizado pela última adolescente suicida, Natasha, que deixou uma nota na página que ela produzia no site de relacionamentos Bebo. “Descanse em paz, Clarky”, escreveu em referência a Liam Clarke.
Em uma entrevista concedida ao “Daily Mail “desta quarta-feira, o pai de Liam, Kevin Clarke, classifica os suicídios de “muito estranhos”. “Não sabemos se se tratava de uma espécie de culto bizarro ou de suicídios coletivos ou se havia um tipo de pacto suicida”, declarou ao jornal.
Desde a morte de Natasha, duas de suas amigas tentaram se suicidar. “Uma das pistas da investigação é o exame do computador” (de Natasha), disse Tim Jones, commissário da Polícia de Bridgend, ressaltando “o hábito crescente dos jovens de se comunicar… via internet”.
O responsável pela investigação realizada sobre os três primeiros enforcamentos, Philip Walters, afirmou entretanto que “nada” liga as mortes aos sites de relacionamentos. Mas a série já amedronta a comunidade rural de Bridgend, região de menos de 130 mil habitantes em torno da cidade de mesmo nome.
“É uma pequena comunidade, as pessoas se conhecem… O que me preocupa é que quando começamos a penetrar em um mundo virtual, como esses jovens fazem em um site como o Bebo, perdemos qualquer senso de realidade, das verdadeiras conseqüências do que planejamos e da atroz realidade da morte”, declarou nesta quarta-feira a deputada de Bridgend, Madeleine Moon, em entrevista à rádio BBC 4.
A política classificou de “particularmente bizarras” as sugestões da imprensa segundo as quais os suicídios poderiam ter sido motivados pelo desejo dos jovens de terem uma “página de homenagens” criada em seu nome após a sua morte. “Isso supera a imaginação”, considerou Moon.
Natasha, que havia adotado o apelido “sxiwildchild” (criança selvagem sexy) no site Bebo, faria parte dos adolescentes que consideram “ultra-legal” atingir a “imortalidade virtual”, informou o Daily Mail.
No Bebo, a página da adolescente está repleta de “mensagens de homenagens” enviadas por pessoas se dizendo seus amigos. Ao lado das mensagens como “tenha bons sonhos, meu anjo” ou “durma bem, princesa”, é possível encontrar promessas preocupantes. “Logo vou te encontrar…”, enviada por “Anne-Marie”.
Fonte: AFP