A polícia egípcia em Alexandria, que na semana passada prendeu uma mulher convertida ao cristianismo e usou de violência durante o interrogatório, decidiu entregá-la de volta à família islâmica, apesar de saber do fanatismo religioso e das ameaças de morte contra ela promovidas pelos próprios parentes.

Testemunhas oculares ouviram os berros dos membros da família de Shaymaa Eman Muhammad al-Sayed, de 26 anos, enquanto a arrastavam para fora da delegacia de polícia onde ela estava presa.

Segundo os que estavam fora da delegacia de polícia de Bab-Sharky, em Alexandria, os parentes de Shaymaa Al-Sayed a espancaram no Cemitério de Shatby, que fica atrás da delegacia.

Ela então foi forçada a entrar em um microônibus da família que se dirigia ao distrito de Abeis, a leste de Alexandria, onde o pai dela tem uma fábrica de tricô.

Desenrolar dos acontecimentos

Há uma semana, no dia 16 de julho, estes mesmos familiares ameaçaram matá-la caso ela deixasse o islã para se tornar cristã e a envergonharam publicamente desfilando em uma feira em Alexandria.

A polícia local prontamente a levou sob custódia, supostamente com o intuito de resguardar a segurança dela das mãos de seus parentes muçulmanos enraivecidos.

No entanto, em vez de protegê-la, a polícia local e funcionários segurança do Estado a sujeitaram a ameaças e tortura, tanto física quanto emocional. O abuso incluiu choques elétricos, surras e fotografias dela nua.

Os sucessivos apelos de Shaymaa para que a polícia registrasse uma queixa dela contra a família que a ameaça de seqüestro e morte foram ignorados.

Tortura

Em um certo momento, o coronel Abdel-Ghany Hamada, da Divisão de Negócios Públicos, ordenou que quatro dos oficiais batessem nela com seus próprios sapatos enquanto ele a interrogava por horas a respeito do documento de identidade cristão dela.

Depois de se tornar cristã, em janeiro 2003 de, Al-Sayed obteve uma identidade cristã com o nome de Maryan Eleya Saleeb e se casou um homem cristão.

A lei egípcia não permite a ninguém nascido muçulmano mudar de religião e muito menos a mulher muçulmana se casar com um cristão.

No sábado, 21 de julho, ela foi transferida para uma cela no Cairo e depois, sem qualquer explicação, foi levada de volta a Alexandria.

Ontem à tarde, as autoridades a transferiram da delegacia de polícia de Bab-Sharky para Al-Faraana, onde os coronéis Issam Shawki e Adel Nafie continuaram a lhe fazer ameaças.

Ao meio-dia, as autoridades receberam um pedido do pai dela, de um irmão e um tio para que ela voltasse ao posto policial.

Embora soubesse das ameaças de morte da família dela, a polícia a entregou sem exigir que fosse assinada qualquer garantia de que ela não seria machucada.

Ao tomar conhecimento da conversão, em 2003, a família de Shaymaa fez o que pode para forçá-la a se casar com um primo ativo dentro do movimento extremista islâmico Al- Salafiyeen.

“Ela já é uma mulher adulta”, disse o advogado cristão Rasha Noor ao Compass. “Por que as autoridades a entregaram para a família dela, quando eles sabem que os parentes dela querem matá-la?”, questionou.

Fonte: Portas Abertas

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