Uma série de vídeos que orientam crianças a fazerem brincadeiras com conotações satânicas está sendo investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), após a repercussão de pais preocupados nas redes sociais.
Nas imagens, que foram publicadas no TikTok e compartilhadas no Instagram, o ator e influencer digital Henry Walnut, de 30 anos, simula a personagem Elsa, do filme “Frozen”, da Disney, usando um filtro com características do desenho animado.
Usando uma voz infantilizada, o autor do vídeo se direciona às crianças, embora seu perfil na plataforma, com mais de 670 mil seguidores, não seja voltado ao público infantil. “Oi, crianças! Sou eu, a Elsa. Hoje vou ensinar a vocês a fazerem uma arte muito bonita na casa de vocês. Vamos aprender?”, inicia Henry.
“Para isso, vamos precisar de canetinha e molho de tomate. Com a canetinha, vocês vão desenhar várias estrelas como essas (pentagramas) nas paredes da casa de vocês. Vocês puderam perceber que a pontinha tá virada pra baixo? E, com o molho de tomate, vocês vão contornar o desenho. Se alguém perguntar por que vocês fizeram isso, vão responder: ‘pela glória de Satã, é claro!’”, afirma.
Em outro vídeo, o homem vestido de Elsa orienta as crianças a realizarem um “ritual”. Ele as instrui a separar uma vela e um lençol, para que se enrolem e caminhem pela casa com o objeto aceso, murmurando “várias palavrinhas bem baixinho”.
“E assim que alguém perguntar ‘por que você está fazendo isso?’, você vai responder: ‘A alma dessa criança agora pertence a mim’”, completou o homem, com voz rouca e grossa.
Investigação
Segundo investigadores da Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC), o conteúdo dos vídeos beira a prática de crime.
Em entrevista ao portal Metrópoles, o delegado-chefe da DRCC, Giancarlos Zuliane, informou que as apurações se iniciaram após troca de informações com a Polícia Civil de São Paulo, onde reside o autor do vídeo.
“O vídeo beira a prática de delitos, principalmente no que diz respeito à apologia de crimes. Com certeza, é um péssimo conteúdo, que nenhuma rede social gostaria de hospedar”, observou o chefe da DRCC.
Para o delegado Dário Taciano de Freitas Júnior, o conteúdo é impróprio para crianças. Caso seja verificada a prática de crime, o autor do vídeo pode sofrer detenção de três a seis meses, conforme artigo 286 do Código Penal.
Nas redes sociais, Henry Walnut disse que entrou em contato com advogados e registrou ocorrências policiais em São Paulo, alegando ter sofrido ameaças de morte. O TikTok ainda não se manifestou sobre a remoção da conta dele.
Deputado pede investigação ao MP
O deputado distrital Rodrigo Delmasso (Republicanos) abriu um processo no Ministério Público Federal (MPF), nessa quarta-feira (17/3), para investigar e responsabilizar o ator e influencer digital Henry Walnut.
O pedido de apuração contra a suposta prática criminosa de perturbação de menores de 18 anos solicita a retirada imediata do perfil do youtuber das redes sociais. “É indiscutível que esses vídeos, no mínimo, causam desconforto, medo, terror e possuem mensagens que induzem menores à prática de infração penal, o que configura crime, segundo o nosso ordenamento jurídico penal”, argumenta o distrital.
O deputado afirma que o homem deve ser responsabilizado também pelo crime de incitação a prática de furto.
Lideres cristão se manifestam
Pastores e líderes cristãos se manifestaram sobre o conteúdo dos vídeos, fazendo um alerta aos pais. “E satanás firme no tiktak (sic) agora? Será que vai ter censura ou vai ser classificado com ‘arte’?”, questionou o pastor Lucinho no Instagram, aconselhando os pais a ficarem atentos ao que os filhos veem na internet.
A pastora Naiane Câmara, da Assembleia de Deus em São José dos Campos, também repudiou a publicação dos vídeos. “Isso não é brincadeira que se faça! Tá repreendido em nome de Jesus! Deixo aqui esse alerta para as mamães que me seguem”, disse.
“Esses vídeos estão circulando no TikTok. Vamos tomar muito cuidado com as nossas crianças”, continuou Naiane, lembrando que “TikTok não é aplicativo para crianças”.
Fonte: Guia-me e Metrópoles