A maior parte da classe política italiana defendeu a Igreja Católica contra as críticas de Bruxelas, que denunciou vantagens fiscais de que se beneficia.
Apesar de o presidente do Conselho italiano, Romano Prodi, ainda não ter reagido nesta quarta-feira ao anúncio de que a Comissão Européia poderia abrir em breve uma investigação, dois de seus mais importantes ministros condenaram a iniciativa.
Lembrando que a Igreja italiana ajudou muitas pessoas, seu líder, monsenhor Angelo Bagnasco, também advertiu para os “preconceitos ideológicos”.
As vantagens concedidas incluem a isenção da taxa imobiliária para algumas atividades e uma redução de 50% da taxação sobre as empresas nos setores da saúde e da educação.
A Igreja italiana possui um gigantesco patrimônio imobiliário (escolas, universidades, hospitais, asilos…) avaliado pelo jornal La Reppubblica em 100.000 edifícios num valor total de nove bilhões de euros.
Para o ministro italiano da Justiça, o católico centrista Clemente Mastrella, a alegada distorção da concorrência levantada pela Comissão Europeia não passa de um “pretexto”.
O ministro da Infra-estrutura, o ex-magistrado anticorrupção Antonio Di Pietro, denunciou “uma manipulação política para prejudicar os que fazem o bem”, afirmando que a União Européia (UE) “deveria se preocupar com os paraísos fiscais”.
A direita também não ficou atrás. O ex-ministro para Assuntos Europeus Rocco Buttiglione, forçado a renunciar a um cargo de comissário europeu por ter declarado que a homossexualidade era um pecado, pediu a Comissão Européia que não alimente “as suspeitas de uma UE anticristã”.
Forza Italia, o partido do ex-premier italiano Silvio Berlusconi, acusou implicitamente uma ministra do governo Prodi, a ex-comissária européia Emma Bonino, integrante do Partido Radical, de estar por trás das reclamações emitidas pela Comissão.
De fato, a esquerda radical e os ecologistas são os únicos a terem apoiado sem reservas a iniciativa da UE.
A Comissão européia, que está disposta a abrir a investigação sobre as atividades imobiliárias da Igreja católica italiana, defendeu-se da acusação de perseguição a comunidades religiosas, destacando que apenas zela pelo cumprimento do direito.
“O diálogo com as Igrejas e comunidades religiosas está acima de qualquer reprovação”, afirmou Johannes Laitenberger, porta-voz do presidente da Comissão, José Manuel Barroso.
Fonte: AFP