A festa de 47 anos do bispo Samuel Ferreira, líder de uma das mais poderosas Assembleias de Deus, a Madureira, ganhou ares de ato político com o discurso de um bom amigo do aniversariante: o prefeito de São Paulo, João Doria.

[img align=left width=300]http://f.i.uol.com.br/folha/poder/images/17140211.jpeg[/img]Por “um país mais decente e honesto”, diante de uma plateia lotada, Doria pediu uma oração para o Brasil, na noite deste sábado (20).

“Vou tomar liberdade de pedir uma oração pro Brasil. Nosso país vive momento delicado, mas que vamos superar. O Brasil tem raízes mais profundas do que qualquer crise. Um povo que supera tudo porque tem Deus no coração.”

Apostou ainda na ideia de “um Brasil se renovando, como disse o bispo Manoel Ferreira [pai de Samuel e fundador da igreja]”. Na eleição municipal, a aura de novidade foi uma das que mais colaram no prefeito que se diz gestor.

O patriarca Manoel pediu em seguida uma oração para “o país” e “o presidente Temer”. De manhã, o prefeito defendeu a permanência do PSDB no governo de Michel Temer –fragilizado após delação premiada dos donos da JBS que o atinge pessoalmente.

Minutos depois, o bispo Abner Ferreira, irmão de Samuel, confundiu-se e chamou Doria de prefeito do Rio. Logo se corrigiu: “É que ele é prefeito de São Paulo e presidente no coração dos cariocas”.

No mês passado, reportagem da Folha esmiuçou a rede evangélica que se forma em torno da chapa “Doria presidente” para 2018.

“Você não está ouvindo isso”, disse Samuel a João, antes de despejar elogios para um homem que teria ficado pequeno para o Executivo municipal (Doria não assume abertamente ambições eleitorais para o ano que vem). “O Brasil está precisando de alguém para reunir o país.”

O prefeito passou na sede paulista da Assembleia de Samuel, no Brás (região central), após outro aniversário à tarde, desta vez do católico padre Marcelo Rossi, 50.

Foi com Geraldo Alckmin na primeira celebração. O governador era esperado na segunda, mas faltou. O secretário estadual de Saúde, David Uip, cotado para disputar sua sucessão, o representou.

O compromisso com os evangélicos não foi incluído na agenda oficial do prefeito. É a segunda visita ao Brás em dois meses: em março, Doria recebeu uma bênção coletiva na igreja, com vários pastores repousando as mãos sob sua cabeça para lhe oferecer uma oração.

Doria saudou nominalmente o presidente do PSC, pastor Everaldo, e o deputado estadual Cezinha de Madureira, braço da igreja na Assembleia Legislativa de SP. Celebrou sobretudo Samuel, que em março já se gabava de trocar mensagens no WhatsApp com o prefeito.

“Não tinha never hipótese de eu não estar aqui”, disse no púlpito, num afago ao amigo bispo. “Se tivesse outra coisa marcada, iria cancelar.”

[b]Fonte: Folha de São Paulo[/b]

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