Para tentar ajudar a catapultar sua candidata para o segundo turno, o prefeito Cesar Maia (DEM) escolheu o ataque. No sábado, discursando num evento de campanha de Solange Amaral (DEM) pouco antes da divulgação da pesquisa, ele chamou Marcelo Crivella (PRB) de “demagogo pseudo-evangélico” e referiu-se à Igreja Universal como “clube caça-níqueis”.

Maia ainda cutucou a campanha de Paes, seu desafeto, ao dizer que a eleição do governador Sérgio Cabral (PMDB)passou pela cumplicidade do tráfico de drogas e das milícias.

“O que fiz foi mostrar os pecados de cada um. Sublinhar o populismo de Crivella é importante para que ele não dê uma de bom pastor, quando o que faz é a básica clientela”, justificou ontem o prefeito.

Maia diz ainda que não vai aceitar que os adversários de Solange se comportem como “franco-atiradores, como se não tivessem nada com os problemas da cidade”.

A postura defensiva do prefeito tem relação com outro aspecto da pesquisa do Ibope: a avaliação do prefeito só é boa e ótima para 23% dos cariocas. Por isso, embora não renegue a presença de Maia na campanha, Solange tem se esforçado para se mostrar mais independente do que em 2002, quando concorreu ao governo estadual reproduzindo até o gestual do prefeito. No início da campanha definiu-se como uma candidata “pós-Cesar Maia”.

Para o cientista político Ricardo Ismael, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), a multiplicação de candidaturas no Rio este ano é conseqüência do enfraquecimento do prefeito e cria um cenário imprevisível. Sem poder concorrer, Maia chega desgastado ao fim de 16 anos de hegemonia e, pela primeira vez desde 1992, não terá papel decisivo num pleito municipal.

“Acredito que Maia será um ator mais importante no segundo turno. No entanto, ele sabe criar polêmicas para provocar candidatos”, ressalta Ismael. Para o pesquisador, apenas Crivella está confortável para disputar o segundo turno, mas alerta que nem isso está garantido. “A princípio, eu não descartaria a vitória de nenhum dos candidatos nesse quadro.”

Fonte: Estadão

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