A prefeitura de Ariquemes (RO), cerca de 200 km de Porto Velho, decidiu nesta segunda-feira (23) que as páginas de livros didáticos que abordem temas como diversidade sexual e familiar e doenças sexualmente transmissíveis deverão ser retiradas do material que será entregue aos alunos da rede municipal de ensino. As obras fazem parte dos títulos recomendados pelo MEC (Ministério da Educação).
Após uma reunião com o prefeito Thiago Flores (PMDB) e outros 11 vereadores, ficou acordado que uma comissão trabalhará durante o mês de fevereiro identificando os conteúdos que possuam ideologia de gênero e diversidade familiar.
Segundo a prefeitura, ainda será decidida como será feita a supressão das páginas na prática, mas a previsão é de que o material escolar seja entregue aos estudantes apenas em março, um mês após o início das aulas. A previsão é que elas comecem no dia 6 de fevereiro.
“Serão criadas comissões nas escolas que trabalharão em uma força tarefa durante todo o mês de fevereiro, sendo a entrega dos livros feitas aos alunos somente em março, sem o conteúdo, atendendo assim o desejo da maioria, tanto da população quanto do legislativo”, informou a prefeitura em nota.
A decisão causou polêmica entre os habitantes de Ariquemes e dividiu opiniões. “Parabéns prefeito! Me sinto ativa como cidadã, vejo que nossas opiniões estão sendo ouvidas”, escreveu uma mulher na página da prefeitura numa rede social.
“É interessante como as pessoas se acham graduadas para jugar aquilo sobre o que não conhecem. As pessoas são contra o que alguns indivíduos intitularam como ‘ideologia de gênero’. Mas quantas vezes as pessoas tiveram acesso a esse material completo e avaliaram se ele é positivo ou não para a formação dos alunos? Qual o referencial utilizado para avaliar isso como negativo”, escreveu um homem.
[b]Entenda o caso
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No início do ano, o prefeito da cidade, Thiago Flores, recebeu um ofício de vereadores que formam a bancada Evangélica propondo a suspensão e o recolhimento dos materiais que abordassem a ideologia de gênero.
O argumento utilizado foi que os livros estavam em desacordo com o PME (Plano Municipal de Educação), que foi aprovado sem a presença do tema, e por apresentarem “arranjos familiares de gays, lésbicas, com adoção de filhos […] bigamia, poligamia, bissexualismo e doenças sexualmente transmissíveis” a crianças do ensino fundamental– do 1º ao 5º ano.
Poucos dias depois, representantes do Sintero (Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado de Rondônia)- Regional Estanho, entregaram um outro ofício ao prefeito solicitando que a petição dos vereadores não fosse atendida.
De acordo com uma nota da prefeitura, o sindicato defendeu que a adoção de crianças por casais homoafetivos já está consumada no país. Além disso, consideram que a abordagem sobre doenças sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos são temas transversais contidos nos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Uma audiência pública estava prevista para ser realizada no dia 31 de janeiro, mas foi suspensa diante da decisão conjunta de ontem.
[b]Fonte: UOL[/b]