Presidente da CNBB, arcebispo Dom Jaime Spengler (Foto: Divulgação/CNBB)
Presidente da CNBB, arcebispo Dom Jaime Spengler (Foto: Divulgação/CNBB)

Em entrevista para a Folha de S.Paulo publicada neste sábado, 6 de maio, o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Jaime Spengler, 62 anos, defendeu que a Igreja Católica no Brasil não segue uma orientação política e que deve ter como pauta o Evangelho, a doutrina pregada pelo Novo Testamento, da Bíblia.

“A Igreja não está dividida, estamos muito unidos. O que talvez chama atenção: somos seres políticos por natureza e temos nossas posições pessoais. E aí alguns as expressam de forma mais alargada, digamos assim. As leituras se pautam através desse modo de se posicionar. Mas não podemos jamais nos calar diante das situações em que a vida não é respeitada, independentemente de quem esteja no poder. Não seria digno de um discípulo de Jesus”, expôs o arcebispo.

Eleito presidente da CNBB no mês passado, Spengler foi questionado sobre a instituição ter emitido notas falando da “criminosa tragédia” contra os indígenas yanomamis e defendendo a importância da vacinação.

“A nota talvez tenha causado desconforto em alguns setores. Algo muito bonito que está no Evangelho de Mateus, mas que é extremamente desafiador: lá diz que seremos avaliados diante de situações muito simples. Estava com fome, me destes de comer. Tinha sede, me destes de beber. Não podemos jamais perder isso de vista”, disse o arcebispo de 62 anos.

Bolsonaro e Lula

Spengler também negou que tenha direcionado uma mensagem diretamente a Jair Bolsonaro, então presidente do Brasil, em 2022, quando ele falou sobre “quem divulgar mentiras não ser digno de assumir um cargo público”.

“Não colocaria aquela minha fala dirigida objetivamente a uma pessoa, mas a um contexto social que estávamos vivendo. E eu a repetiria no momento atual também, viu? É algo que está aí no cotidiano. A verdade abre horizontes. A mentira fecha”, declarou.

O arcebispo ainda falou sobre a sua declaração à rádio Vaticano, em 2018, de que “a justiça deveria ser feita” ao mencionar o julgamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na 2ª Instância.

“Confesso que fico me perguntando como que num determinado momento existiam tantos elementos que levavam necessariamente à condenação deste ou daquele personagem, e depois de dois ou três anos simplesmente se diz que aqueles elementos não foram suficientemente avaliados, e aquela condenação de repente não foi justa. Não sei se me explico. Essa espécie de contradição jurídica é algo que também nos preocupa, sim. Porque a justiça, claro, precisa ser feita. Agora, não podemos nos deixar levar pelo calor do momento. Aliás, você que é jornalista pode até me ajudar, porque o meio jurídico não é meu âmbito”, afirmou.

LGBT

Quanto à comunidade LGBTQIA+, Spengler afirmou que, assim como heterossexuais precisavam manter um comportamento ético a partir do que a Igreja prega, integrantes da comunidade também: “São pessoas humanas e merecem nosso respeito. O próprio Evangelho diz que há pessoas que foram feitas assim”.

O papa Francisco já se manifestou sobre a questão. Criticou a criminalização da homossexualidade, além de pedir para que os pais não condenassem os filhos por conta de sua orientação sexual e defendeu que pessoas LGBTQIA+ tivessem os mesmos direitos legais que os casais heterossexuais.

Aborto

Spengler disse que eram necessários “espaços amplos” para o debate acerca da questão do aborto. O arcebispo lembrou que a posição da Igreja é “consolidada” sobre o tema, mas que existem situações, como violência e abusos, principalmente o de menores, que precisam de consenso.

Jaime Spengler estará à frente da presidência da CNBB até 2027.

Com informações de Pleno News e Poder360

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