O presidente Emmanuel Macron provocou uma onda de reações de indignação na França, sobretudo entre a esquerda, depois de declarar que deseja “reparar” o elo “danificado” entre a Igreja e o Estado em um país o qual o laicismo é um princípio fundamental.
Em um longo discurso na Conferência Episcopal na segunda-feira (9) à noite, Macron afirmou que deseja “reparar” os vínculos entre a Igreja e o Estado por meio de um “diálogo de verdade”.
Le lien entre l’Église et l’État s’est abîmé, il nous incombe de le réparer.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) 9 de abril de 2018
“Um presidente da República que alegasse um desinteresse pela Igreja e os católicos faltaria com seu dever”, completou.
Mas em um país no qual o laicismo está ancorado desde 1905 por uma lei sobre a separação entre a Igreja e o Estado, as declarações do presidente de 40 anos provocara reações intensas.
O ex-primeiro-ministro socialista Manuel Valls recordou no Twitter que “o laicismo é a França”. “O laicismo é nosso tesouro. Isto é o que o presidente da República deveria defender”, tuitou o novo líder do Partido Socialista, Olivier Faure.
O partido de extrema-esquerda França Insubmissa chamou o discurso do presidente de “irresponsável”. “#Macron em pleno delírio metafísico. Insuportável. Esperamos um presidente, escutamos um sub-padre”, criticou o presidente do partido e ex-candidato à presidência, Jean-Luc Mélenchon, no Twitter.
O ministro do Interior, Gérard Collomb, defendeu o presidente. “O que ele disse é que para o homem o importante não é apenas o materialismo, e sim que há uma busca absoluta de espiritualidade, de dar um sentido à vida. Pode ser um tom novo, mas não rompe em nada com os grandes princípios do laicismo”, disse.
O princípio da separação da Igreja e do Estado é defendido por muitos franceses. De acordo com uma pesquisa de 2017 do instituto WinGallup, 50% dos franceses se declaram ateus ou sem religião, contra 45% que declaram ter uma religião.
Mas também é um tema que gera debates acalorados, sobretudo a respeito das manifestações públicas da fé muçulmana ou da herança cristã do país.
Fonte: G1 via Folha MT