O partido protestante e pró-britânico do reverendo Ian Paisley (foto) venceu as eleições de quarta-feira na Irlanda do Norte, seguido pelo partido republicano e separatista Sinn Fein, de Gerry Adams, segundo resultados definitivos divulgados na capital, Belfast.
Os dois partidos agora sofrem pressão da Grã-Bretanha para formar um governo de união.
O Partido Democrático Unionista (DUP) de Paisley, obteve 30,1 % dos votos, conseguindo 36 das 108 cadeiras que compõem o Parlamento da região – seis parlamentares a mais que na eleição de 2003.
Já o Sinn Fein, braço político do Exército Republicano Irlandês (IRA), teve 26,2% dos votos, o que corresponde a 28 cadeiras no Parlamento – quatro a mais que em 2003. Além do DUP e do Sinn Fein, apenas o Partido Aliança, que congrega tanto católicos quanto protestantes, aumentou sua representação no futuro Parlamento em sete parlamentares – um a mais que na última legislatura. A novidade na Assembléia será a chegada de Brian Wilson, do Partido Verde, que nunca tinha conseguido eleger um deputado.
O DUP e o Sinn Fein não se falam, mas terão de deixar as diferenças de lado para tentar formar um governo com poder compartilhado até o dia 26 – prazo estipulado no acordo de Saint Andrews, firmado na Escócia, no ano passado entre os primeiros-ministros da Grã-Bretanha, Tony Blair, e da República da Irlanda (Eire).
A maioria protestante quer manter a subordinação à Grã-Bretanha, enquanto os católicos querem a independência da Irlanda do Norte e a aproximação com a Irlanda. Caso católicos e protestantes não cheguem a um acordo, a Grã-Bretanha pode dissolver permanentemente o Parlamento, submetendo a Irlanda do Norte ao seu governo. O último Parlamento eleito nunca conseguiu se reunir por um dia inteiro.
O líder do DUP se declarou disposto a compartilhar o poder – ação que afastou alguns de seus aliados. No entanto, Paisley deixou claro que antes precisa ser convencido do compromisso do Sinn Fein de manter a paz no país (em referência ao IRA).
“A base na qual essa eleição foi convocada é de que as pessoas teriam responsabilidade nesse governo”, disse Blair, após encontro em Bruxelas, ontem, com Ahern.
Blair e Ahern tentam chegar a um acordo para a Irlanda do Norte há mais de uma década. Desde 1998, quando o Acordo da Sexta-Feira Santa instituiu o Parlamento, disputas entre católicos e protestantes se intensificaram e levaram a várias suspensões da Assembléia. Em mais de 30 anos de conflito, cerca de 3.600 pessoas morreram.
Fonte: Estadão