A relatora da ONU sobre a Liberdade de Religião, Asma Jahangir, criticou as restrições impostas por Israel no acesso a lugares sagrados, que em muitos casos impedem a realização de ritos religiosos cristãos e muçulmanos devido ao sistema de permissões, vistos, barreiras e outros controles.
“O Governo de Israel me informou que essas restrições são necessárias por razões de segurança, mas qualquer medida para combater o terrorismo deve respeitar as obrigações internacionais dos Estados”, ressaltou a relatora em comunicado divulgado hoje pela ONU em Genebra.
Jahangir concluiu na semana passada uma missão a Israel e aos territórios palestinos ocupados durante a qual se reuniu com representantes das diferentes comunidades religiosas e de ONGs.
De acordo com suas observações, as restrições impostas pelas autoridades israelenses ao acesso aos lugares santos são “desproporcionais”, assim como “discriminatórias e arbitrárias”.
A relatora se declarou “surpresa” com o fato de que os residentes em território palestino devam indicar sua religião em suas cédulas de identidade, o que implica um “grave risco de abuso”.
Os membros de minorias religiosas em Israel asseguraram em seus encontros com Jahangir que o Estado judeu “não exerce perseguição religiosa”.
A representante da ONU expressou sua preocupação com a impossibilidade de milhares de cidadãos israelenses e residentes de se casar em Israel porque não declaram uma crença religiosa.
Por razões históricas, as cortes religiosas têm a jurisdição sobre assuntos como os casamentos e divórcios.
“Quero enfatizar que a liberdade de religião e de crença também inclui o direito a não crer”, afirmou a relatora.
Sobre a conversão religiosa, Jahangir disse que “é considerado um tabu e está restringida pelas leis religiosas”.
Ela mencionou que, no caso dos palestinos, viu situações de “tensões graves e violência” relacionadas com este assunto.
Jahangir considerou que alguns dos maiores desafios para israelenses e palestinos são a proibição e punição efetiva da incitação ao ódio religioso, que, por enquanto, goza de impunidade.
“Qualquer violência cometida em nome da religião, seja por parte de colonos, ou, ainda pior, sob a forma de ataques suicidas de milicianos islamitas, devem ser denunciadas, investigadas e punidas”, ressaltou.
Fonte: EFE