Crucifixo sobre sangue (Foto: Reprodução/Flickr)
Crucifixo sobre sangue (Foto: Reprodução/Flickr)

Em 26 de junho de 2024, o governo dos Estados Unidos divulgou seu relatório anual sobre liberdade religiosa no mundo, oferecendo uma rara crítica à Índia, um parceiro próximo dos EUA, ao mesmo tempo em que destacava preocupações crescentes sobre intolerância religiosa globalmente, particularmente contra judeus e muçulmanos.

Antony Blinken, o Secretário de Estado dos EUA, apresentou o relatório, apontando que os próprios Estados Unidos estão enfrentando um aumento acentuado tanto no antissemitismo quanto na islamofobia, especialmente em conexão com o conflito em andamento em Gaza. Este reconhecimento demonstra que a intolerância religiosa é um problema que afeta até mesmo nações desenvolvidas.

Em relação à Índia, Blinken expressou preocupações específicas, afirmando: “Na Índia, vemos um aumento preocupante nas leis anticonversão, discurso de ódio, demolições de casas e locais de culto de membros de comunidades religiosas minoritárias”.

Ajai Lall, fundador da Central India Christian Mission, falando ao Christian Today, ecoou essas preocupações: “Não há lugar para uma ditadura dentro de uma democracia. Nos últimos anos, houve vários exemplos de difamação estrutural, sistêmica e aberta de minorias religiosas, especialmente aquelas em liderança.”

Rashad Hussain, o embaixador-geral dos EUA para a liberdade religiosa internacional, forneceu mais detalhes sobre a situação na Índia. Ele relatou casos em que a polícia local auxiliou multidões a interromper serviços religiosos ou ficou parada enquanto grupos minoritários eram atacados. Em alguns casos, observou Hussain, as vítimas desses ataques foram presas sob acusações de conversão.

AC Michael, Coordenador Nacional do Fórum Cristão Unido, corroborou este relato: “É um fato que nós, na Índia, estamos testemunhando uma onda de uso indevido de leis contra cidadãos inocentes, especialmente cristãos amantes da paz que estão sendo assediados com falsas alegações de conversões forçadas sem nenhuma evidência.”

O relatório não se concentra apenas na Índia. Ele também levanta preocupações sobre outros países, incluindo o Paquistão, rival histórico da Índia. No Paquistão, Blinken condenou as leis de blasfêmia, dizendo que elas “ajudam a fomentar um clima de intolerância e ódio que pode levar ao justiceiro e à violência da multidão”.

Lall elaborou ainda mais sobre a situação na Índia, afirmando que “As notícias internacionais cobriram as atrocidades que ocorreram em Manipur, Orissa, Chhattisgarh, Madhya Pradesh, Uttar Pradesh e outras partes do país. Esses não são fatos ocultos, mas todos nós fomos testemunhas.”

Na Europa, o relatório destacou problemas na Hungria, onde autoridades foram acusadas de usar retórica antissemita e antimuçulmana. Blinken também mencionou que nove nações europeias “efetivamente proíbem algumas formas de vestimenta religiosa em espaços públicos”, embora ele não tenha nomeado esses países especificamente.

Falando ao Christian Today, Michael forneceu contexto adicional aos desafios enfrentados pelas minorias religiosas na Índia. “Infelizmente, até mesmo a Suprema Corte da Índia falhou miseravelmente em fornecer proteção, apesar de uma longa petição pendente diante dela sobre os incidentes de violência contra cristãos desde 1º de setembro de 2022, liderada pelo Arcebispo de Bangalore, Peter Machado”, disse ele.

Apesar da importância estratégica do relacionamento entre EUA e Índia, especialistas esperam que o Departamento de Estado dos EUA tome medidas enérgicas contra a Índia quando divulgar sua lista negra anual de países com graves violações da liberdade religiosa no final deste ano.

Michael concluiu sua declaração descrevendo incidentes específicos: “Ataques de multidões, demolição de casas, demolição de igrejas, violência física enquanto a polícia assistia e depois prendia as vítimas sob falsas alegações de conversões forçadas.”

O relatório serve como um lembrete de que a liberdade religiosa continua sendo uma preocupação global, afetando países em todo o mundo, incluindo aqueles considerados aliados dos Estados Unidos. Ele ressalta a necessidade de vigilância contínua e esforços para proteger os direitos das minorias religiosas e promover a tolerância em todas as sociedades.

Este relatório abrangente e os depoimentos de líderes religiosos na Índia fornecem um quadro claro dos desafios enfrentados pelas minorias religiosas globalmente, enfatizando a importância de abordar essas questões tanto em nível nacional quanto internacional.

Folha Gospel com informações de The Christian Today

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