O arcebispo da cidade angolana de Lubango, dom Zacarias Kamuenho, que preside a tradicional Peregrinação do Migrante e do Refugiado na cidade de Fátima, considerou nesta quarta-feira que a “religião verdadeira” deve estar atenta “aos fenômenos que provocam as migrações”.

Na homilia da eucaristia que encerra a peregrinação internacional ao Santuário de Fátima, dom Zacarias Kamuenho considerou que na gênese do fenômeno estão “as alterações climáticas do planeta, a pobreza e a intolerância política”.

Considerando que a imigração “não é um fato rotineiro”, o arcebispo de Lubango lamentou que, muitas vezes, essa situação seja “convertida em pesadelo para homens e mulheres do nosso tempo”.

Para o arcebispo de Lubango, a maior dificuldade das migrações é a sensação de pertencer a dois lugares, problema que não encontra “apoio nas próprias comunidades e, por vezes, nas instituições sociais”, contribuindo para que os jovens esvaziem os “seus valores mais sagrados”.

Dom Zacarias Kamuenho disse ainda que a imigração é “uma oportunidade oferecida a quem busca trabalho e melhorar a sua vida num país que não é o seu, mas também uma oportunidade para o país que acolhe o imigrante ou o refugiado, de repartir os benefícios” que o estrangeiro traz da sua terra natal.

O religioso recordou a mensagem proferida durante o Congresso da Pastoral para os Migrantes, em junho, no Quênia, quando renovou o pedido aos “dirigentes políticos e aos agentes econômicos, nacionais e internacionais, de maior atenção para o bem comum”.

“Que a noção da justiça social não seja letra morta, já que o Homem, como tal, é o primeiro patrimônio da humanidade”, sublinhou o arcebispo, que considerou que a “caminhada para a cidadania global” implica uma “convivência pacífica, ou seja, o saber viver na diversidade de culturas e de religiões”.

Este trabalho “implica uma pedagogia comum e recíproca”, que se inicia na família e continua na escola, acrescentou o arcebispo de Lubango, concluindo que, só assim, se chega à “maturidade que considera toda a migração como uma dádiva”.

Fonte: Lusa

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