O principal clérigo da Arábia Saudita afirmou neste domingo aos peregrinos muçulmanos do Hajj que a crise financeira global aconteceu porque o homem ignorou as leis de Deus, permitindo a usura –cobrança de juros– proibida pelo islã.

“Hoje nós assistimos a essa crise financeira se espalhar, enquanto empresas e bancos vão à falência”, disse o mufti Abdul Aziz al Sheikh na mesquita de Namera, onde o profeta Maomé teria rezado quando fez sua peregrinação.

“Este é o resultado quando os homens ignoram as leis de Deus. Os muçulmanos precisam se guiar pelas leis de Deus, e construir suas economias de acordo com elas”, explicou al Sheik aos fiéis.

Ele também pediu que o mundo árabe se una para enfrentar o terrorismo e preservar a estabilidade.

“O mundo precisa criminalizar o terrorismo. E nós precisamos ter cuidado com o terrorismo e combater as gangues criminosas hostis que destroem países e pessoas”, continuou o mufti.

A passagem pela mesquita é um dos ritos obrigatórios para os peregrinos no segundo dia do Hajj, a peregrinação a Meca que todo muçulmano deve fazer ao menos uma vez na vida, caso tenha condições financeiras e de saúde.

Bancos do mundo árabe que operam de acordo com a Sharia (lei islâmica) evitam cobrar juros sobre os empréstimos, vistos como pecado pelos muçulmanos.

A Arábia Saudita, maior produtor de petróleo do mundo, está sendo fortemente afetada pelo desaquecimento da economia mundial e pelos efeitos da crise no mercado de commodities. O preço do petróleo caiu mais de 50% este ano.

Papa

Em outubro, o papa Bento 16 afirmou que a crise financeira mundial demonstra a futilidade do sucesso e do dinheiro, e pediu que as pessoas cimentassem a vida sobre a “rocha” da palavra divina.

“A palavra de Deus, mais que qualquer outra palavra, é o fundamento de tudo, a autêntica realidade. Você se equivoca se pensa que a matéria, as coisas sólidas que podemos tocar, são a realidade mais segura”, disse o papa no dia 6 de outubro, durante a abertura de uma assembléia de bispos do mundo inteiro reunidos no Vaticano.

Fonte: Folha Online

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