Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, que fez votos de pobreza quando tomou os hábitos de monge, foi fotografado com relógio de luxo.

O patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Kirill, nunca teria imaginado que um relógio de pulseira, um presente que recebeu há alguns anos, pudesse se tornar uma dor de cabeça e um objeto de ferrenha atenção da mídia do país.

O problema é que o “singelo” presente, recebido por Kirill durante uma visita pastoral à Ucrânia em 2009, segundo publicou a imprensa local, é um Breguet que custa a bagatela de US$ 30 mil.

No início de abril, em uma conversa com o apresentador de televisão Vladimir Soloviov, publicada por este, o patriarca admitiu ter recebido o relógio de luxo, mas ressaltou que jamais o usou e que o mesmo segue guardado em sua caixa, junto a outros presentes.

Kirill, que fez votos de pobreza quando tomou os hábitos de monge, insistiu que a fotografia publicada pela imprensa ucraniana se trata de uma montagem e que com sua indumentária não pode usar relógio de pulseira durante os serviços religiosos.

Pouco depois de Soloviov ter revelado o conteúdo de sua conversa com o líder da Igreja Ortodoxa Rússia, alguns blogueiros postaram na internet uma foto de Kirill em cujo pulso esquerdo supostamente estava o já famoso relógio.

A foto data também de 2009, mas sua particularidade é que ela foi publicada justo no site oficial do Patriarcado de Moscou.

Logo após a difusão da imagem, esta foi retirada pelos administradores da página oficial.

A polêmica talvez não tivesse ido além, mas a foto voltou a ser publicada, desta vez retocada: o relógio desapareceu do pulso de Kirill, mas é observado claramente seu reflexo no verniz da mesa onde o patriarca apoia o braço.

O “milagre” do relógio começou a percorrer os foros na rede, o que obrigou o escritório de imprensa do Patriarcado a declarar que uma jovem que trabalhava com o arquivo gráfico o apagara por erro.

As perguntas dos jornalistas sobre qual era o relógio usado por Kirill na ocasião acabou não sendo respondida de forma oficial.

“Não é costume nosso nos fixarmos no relógio usado pelo patriarca”, disse o diácono Aleksandr Volkov, número dois do escritório de imprensa do líder religioso russo, citado pelo periódico “Novie Izvestia”.

A história do relógio não foi a única a colocar Kirill nas páginas da imprensa por assuntos muito distantes do mundo religioso.

A imprensa lembrou há alguns dias o processo civil envolvendo Lidia Leonova, uma prima de segundo grau de Kirill, que vive em um apartamento em Moscou que foi cedido ao patriarca pelas autoridades em meados da década de 1990.

Leonova processou por danos e prejuízos o vizinho do andar de baixo, o ex-ministro da Saúde Yuri Shevchenko, e o Tribunal de Moscou condenou o ex-funcionário a pagar a ela uma compensação de 20 milhões de rublos (US$ 680 mil).

Os juízes deram razão à prima do patriarca, que argumentava que o pó proveniente de reformas no apartamento de Shevchenko a obrigou a fazer obras em sua casa.

Segundo o bispo de Smolensk e Viazma, Panteleimon, as críticas ao patriarca não são mais que um cúmulo de “intrigas e calúnias”.

“Acho que tudo isto não tem nada a ver com o patriarca, e sim com gente que divulga todo tipo de imundícies. Nosso povo, educado em tempos soviéticos, perdeu toda a nobreza interior”, indicou Panteleimon em entrevista publicada no último número da revista ortodoxa “Neskuchni Sad”.

O bispo acrescentou que o bolchevismo fez os russos “perderem o respeito às autoridades, que se encontram acima deles”.

[b]Fonte: Portal Terra[/b]

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