O resultado das negociações da Cúpula de Copenhague sobre mudanças climáticas no planeta frustraram as expectativas do Conselho Mundial de Igrejas (CMI).
“Com falta de transparência, o acordo alcançado por alguns países ao término da Cúpula de Copenhague foi negociado sem consenso e em segredo entre as nações mais poderosas do mundo”, disse Guillermo Kerber, encarregado do Programa do CMI sobre Mudança Climática. O acordo “resultou num duro golpe contra o multilateralismo e os princípios democráticos no sistema das Nações Unidas”.
O Acordo de Copenhague foi negociado entre cinco países: os Estados Unidos da América, China, Índia, África do Sul e Brasil. Ele mantém a compreensão científica de que o aumento da temperatura do planeta deve ser inferior a 2 graus centígrados, mas não conseguiu alcançar o compromisso de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, a fim de manter sob controle o aumento da temperatura.
Ainda que, segundo o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, chegou-se à formulação de um acordo como um “começo essencial”, grupos não-governamentais alegam que ele contribui pouco para acabar com os danos que causam a mudança climática, especialmente nos países mais pobres.
Membros da delegação do CMI que participaram da 15º Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 15) em Copenhague criticaram unanimemente o acordo e reconheceram que, uma vez mais, os pobres serão os mais prejudicadas por um tratado injusto, assinalou Kerber.
É urgente que se retomem as negociações entre todos os países com o fim de estabelecer objetivos claros de redução de emissões de dióxido de carbono (CO2), que, nos países industrializados, devem chegar a 40% até 2020.
Também é necessário constituir fundo anual de 150 bilhões de dólares para a adaptação nos países em desenvolvimento mais vulneráveis, tal como pediu o arcebispo Desmond Tutu durante a entrega das assinaturas de documento em favor da justiça climática.
“Embora não seja a primeira vez que não se chega a um acordo numa COP, desta vez foi pior por causa da falta de transparência nas negociações realizadas à sombra por alguns países”, avaliou o chefe da delegação do CMI, Elías Abramides.
“Copenhague foi uma oportunidade perdida pelos países industrializados para liderarem com o exemplo”, disse Jesse Mugambi, do Quênia, membro do Grupo de Trabalho do CMI sobre mudança climática.
“A luta continua. É preciso promover uma grande mobilização das igrejas e da sociedade civil durante o próximo ano, com orações, toques de sino e atividades de sensibilização, para que se chegue a um acordo justo, ambicioso e vincular que não se conseguiu em Copenhague devido à má disposição da maioria dos países industrializados”, disse Kerber.
Fonte: ALC