Além de aliados valorosos para fazer frente à popularidade crescente da Onda Verde, o candidato Eduardo Paes (PMDB) conta agora com a Opus Christi, uma ala mais conservadora da Igreja Católica do Rio de Janeiro.

O que motivou o grupo, fundado em 1998 pelo seminarista João Carlos Rocha, não foi a simpatia ao peemedebista, nem determinações internas da Arquidiocese. O que motiva o jovem grupo é o fato de ter no candidato Fernando Gabeira (PV) um “inimigo declarado”.

– Não somos pró-Eduardo Paes, estamos contra o aborto, a eutanásia, as drogas, o nudismo e outras coisas. O nosso Apostolado sempre teve como inimigo declarado o Gabeira – diz o e-mail, assinado pela assessoria de imprensa do apostolado católico da Opus Christi.

Segundo a Opus Christi, o candidato verde é acompanhado “bem de perto” desde que defendeu – em sua carreira de parlamentar – a legalização do aborto e participou da marcha da maconha.

– Os neurônios do Deputado podem estar comprometidos, mas a nossa memória e de nossos benfeitores não – continua o email que explica as razões da Opus Christi de não votar em Gabeira. – Não esqueceremos daquela tarde na qual o Senhor Gabeira proibiu a bancada do PV de votar em separado a questão do aborto, impondo o voto de bancada, mesmo havendo Deputados do PV de São Paulo pró vida.

Para não configurar propaganda negativa contra o candidato do PV, a corrente conservadora do catolicismo utiliza “como fonte de bibliografia o site do deputado e a suas ações de conhecimento publico” e afirma que nenhuma jurisdição vai proibi-los de passar sua mensagem adiante.

– Nenhuma autoridade pode impedir que eleitores, na forma da lei, divulguem a vida parlamentar de ocupantes de Cargo Público. Nestes 50 anos de vida pública, o Deputado Gabeira votou e posicionou-se favorável a diversos pontos de conflito com a ética Cristã, ensinada pelo magistério da Igreja.

Prova de fé

Apesar da carta eletrônica afirmar que não vai atacar a vida pessoal de Gabeira “como prova de boa fé”, a instituição católica não poupou o candidato.

– A nossa abordagem se mantém no âmbito ideológico e não faz menção a questões de cunho pessoal, pois acreditamos que idéias se combatem com idéias melhores. Não mencionamos sequer o processo que Gabeira responde por importar cinco quilos de maconha da Hungria – alfineta o email. – Repudiamos os panfletos apócrifos.

Em 2005 a Opus Christi foi reconhecida oficialmente pelo Vaticano, mas, desde que surgiu, discutem os rumos que tomam a Igreja Católica e questionam o avanço progressista do catolicismo. A instituição defende a volta das missas ministradas em latim e com o padre de costas para os fiéis.

É possível comparar a seita da Opus Christi com a anciã Opus Dei, que voltou a ser polêmica nesse século. Entretanto, a falta de divisão na graduação de autoridade da Igreja Católica e o rumo tomado em direção de uma ação temporal, são duas características que diferem as duas alas conservadoras do catolicismo.

Fonte: JB Online

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