O Natal copta ortodoxo ocorre na madrugada de quinta para sexta-feira, também dia de preces para os muçulmanos.
As forças de ordem egípcias foram colocadas em estado de alerta e estão reforçando os arredores de igrejas com a aproximação das celebrações do Natal copta ortodoxo, na próxima quinta-feira, após o atentado que custou a vida de 21 pessoas em Alexandria na noite do Ano Novo.
A presença policial nos postos de controle em frente aos edifícios religiosos foi reforçada e as férias de muitos agentes foram interrompidas, anunciaram nesta segunda-feira fontes dos serviços de segurança.
O monitoramento de portos e aeroportos foi igualmente intensificado após o atentado cometido por um camicase que trabalhava para terroristas estrangeiros, segundo as autoridades que mencionam o envolvimento da Al-Qaeda. O massacre, no entanto, ainda não foi formalmente reivindicado.
O patriarca copta ortodoxo Shenouda III garantiu que, apesar dos riscos, ele tem a intenção de celebrar a missa de Natal como faz todos os anos. “Não orar seria dizer que o terrorismo nos privou da celebração do nascimento de Cristo”, declarou, citado por al-Ahram.
O Natal copta ortodoxo ocorre na madrugada de quinta para sexta-feira, também dia de preces para os muçulmanos. As celebrações começam na quinta-feira, com as tradicionais missas de véspera de Natal.
Além dos riscos de atentados, as autoridades temem novos conflitos com manifestantes cristãos ou incidentes entre cristãos e muçulmanos.
No domingo, confrontos entre cristãos coptas e policiais no Cairo fizeram 45 feridos entre as forças de ordem, anunciou a polícia nesta segunda-feira. Segundo um dirigente do Ministério da Saúde, outras 27 pessoas ficaram feridas nestes incidentes.
Os conflitos ocorreram durante uma reunião com centenas de pessoas dentro da Catedral São Marcos, onde fica o Shenouda III. Os manifestantes entraram em confronto com os oficiais que vinham apresentar seus pêsames, alguns até atiraram pedras em Osmane Mohamed Osmane, secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico.
Em Alexandria, onde confrontos também estouraram no sábado, centenas de coptas manifestaram na noite de domingo em frente à igreja em luto, colocando fogo em lixeiras, depois.
A calma parecia ter retornado nesta segunda-feira, mas cerca de 30 pessoas impediram a equipe de restauração da igreja de começar seu trabalho, argumentando que o sangue das vítimas deveria continuar ali como prova da carnificina.
Os coptas, ou cristãos do Egito, representam 6 a 10% de cerca de 80 milhões de egípcios. Eles são em sua maioria ortodoxos, embora a comunidade conte com cerca de 250 mil coptas católicos.
Um grupo iraquiano ligado à Al-Qaeda, que reivindicou o ataque contra uma catedral de Bagdá no fim de outubro (46 mortos, entre os fiéis), proferiu ameaças contra a comunidade, acusando-a de manter prisioneiras duas esposas de padres coptas que teriam se convertido ao Islã.
A Igreja dos Santos de Alexandria figura ainda em uma lista com cerca de 50 lugares de cultos coptas, no Egito e no Exterior, designados no início de dezembro como alvos por um site na internet da Al Qaeda.
Na Alemanha, onde vivem cerca de 6 mil coptas, o bispo Anba Damian anunciou sua preocupação para as autoridades antes mesmo do atentado de Alexandria ocorrer.
Este é o pior atentado cometido no Egito desde a onda de ataques contra complexos turísticos do Mar Vermelho entre 2004 e 2006, que fez no total quase 140 mortos.
Mas esta não é a primeira vez que cristãos são visados. No dia 6 de janeiro de 2010, seis coptas foram mortos na saída de uma missa em Nagaa Hamadi (Alto Egito). O veredicto dos suspeitos pelos assassinatos deve ser anunciado no dia 16 de janeiro.
[b]Fonte: AFP[/b]