A cristã Leah Sharibu está em cativeiro há quase 4 anos. (Foto: Reprodução)
A cristã Leah Sharibu está em cativeiro há quase 4 anos. (Foto: Reprodução)

No dia 19 de fevereiro de 2018, a cristã nigeriana Leah Sharibu foi sequestrada pelo grupo terrorista Boko Haram, junto com outras 109 estudantes, em Dapchi, região norte da Nigéria. Na ocasião, ela tinha apenas 14 anos.

No sábado (19), completou quatro anos que a garota foi arrancada de sua família e as autoridades nigerianas disseram que não vão desistir de libertá-la.

De acordo com a Portas Abertas, o chefe-maior do Estado de Defesa da Nigéria disse: “Com a posição privilegiada que ocupo, estou ciente dos planos e, é claro, dos processos que estão em vigor para garantir que não apenas Leah Sharibu, mas todas as outras pessoas mantidas em cativeiro sejam libertas”.

Relembre o caso

Há quatro anos, militantes do Boko Haram atacaram a Escola Técnica e Científica de Meninas do Governo da Nigéria em Dapchi, no estado de Yobe, sequestrando 110 meninas.

Um mês após o sequestro, quase todas as garotas capturadas foram libertadas, seis morreram a caminho do cativeiro e Leah Sharibu continua em poder do grupo jihadista.

A jovem cristã permaneceu presa porque se recusou a usar o hijab (véu muçulmano) e se converter ao islã. Há relatos de que ela foi forçada a se casar com um dos comandantes do Boko Haram e que teve um filho com ele.

Em agosto de 2018, durante negociações com o governo nigeriano, o Boko Haram divulgou uma foto de Leah usando um hijab e um áudio como provas de que a menina estava viva.

Em outubro do mesmo ano, o Boko Haram voltou a dar notícias de Leah. Em vídeo, os radicais disseram que a menina e a enfermeira cristã Alice Loksha Ngaddah não seriam libertadas, mas seriam escravizadas pelo resto de suas vidas e que os terroristas fariam o que quisessem com elas.

Porém, em 15 de janeiro de 2020, uma refém libertada pelos extremistas trouxe boas notícias sobre a situação de Leah à sua família. Jennifer Ukambong Samuel, que trabalha para a Action for International Medical Alliance e que foi sequestrada em 22 de dezembro de 2019, afirmou que Leah e a enfermeira Alice estavam vivas.

Segundo Jennifer, que visitou as duas, elas tinham suas próprias casas na floresta do Boko Haram.

Situação da família

A mãe de Leah, Rebecca Sharibu e o pai Nathan Sharibu, afirmaram que o governo nigeriano não tem tomado medidas para recuperar Leah e tem ignorado os pedidos de ajuda da família.

Pai, mãe e avó de Leah Sharibu. (Foto: Portas Abertas)

“Quando minha filha foi levada embora em fevereiro de 2018, não tive notícias do governo. Não tive notícias de ninguém até sete meses depois. Foi então que foi lançado um vídeo dela com um hijab. O Boko Haram divulgou um vídeo dizendo que eles mataram uma profissional de saúde e que a próxima pessoa a ser morta seria Leah. Então, a Fundação Leah organizou uma coletiva de imprensa mundial em Jos”, explicou Rebecca, em outubro de 2021.

O áudio de Leah dizia o seguinte: “Rogo aos membros do poder público que ajudem minha mãe, meu pai, meu irmão mais novo e familiares. Por favor, me ajudem a sair do meu dilema. Estou implorando para que vocês me tratem com compaixão. Apelo ao governo, particularmente o presidente, para ter pena de mim e me tirar desta grave situação. Obrigada”.

A profissional de saúde morta pelo grupo terrorista é Hauwa Leman, uma funcionária da Cruz Vermelha.

Na ocasião, o ministro da Informação, Alhaji Lai Mohammed, fez um discurso público sobre o caso: “Os nigerianos devem reconhecer que qualquer um de nossos cidadãos, seja rapaz ou moça, muçulmano ou cristão, é querido para nós. Não devemos olhar para Leah Sharibu como cristã ou muçulmana, mas como uma filha preciosa do país”.

Sequestro: arma para perseguir seguidores de Jesus

Os pais de Leah decidiram não dar mais entrevistas e nomearam o reverendo Gideon Para-Mallam como porta-voz deles. Em uma das ocasiões em que o líder cristão falou com jornalistas, ele garantiu que a jovem sequestrada estava viva, pois foi vista por um dos prisioneiros libertados, e a informação foi confirmada por autoridades diplomáticas.

As autoridades nigerianas reforçam que não desistiram de libertar a cristã. Na Nigéria, os sequestros de jovens e crianças cristãs acontecem com frequência.

De acordo com os dados da Lista Mundial da Perseguição 2022, a Nigéria é o país número um em sequestro de seguidores de Jesus com 2.520 casos, do total de 3.828. O aumento foi de 124% em relação aos números da Lista 2021.

A maioria dos casos de captura de cristãos aconteceu nos estados do Norte da Nigéria, como Borno, Adamawa, Kaduna, Katsina e Níger. Mas não é só o Boko Haram que usa esse tipo de arma para perseguir os seguidores de Jesus, os extremistas fulani também agem dessa forma. Nesses locais, grande parte dos sequestros resultam em morte das vítimas.

Realidade pós-sequestro

Infelizmente, quando algumas garotas são libertadas ou conseguem fugir, seus parentes muçulmanos não as aceitam de volta. A família e a comunidade as classificam como “perigo para a sociedade” e “impróprias para o casamento”.

É o caso de Agnes, uma cristã nigeriana que também foi sequestrada, mas conseguiu fugir pela floresta. Ela conta como foi recebida.

“Não houve amor, ninguém veio me cumprimentar. Tudo o que fizeram foi rir e sussurrar com desprezo. Se eu soubesse que seria assim preferia ter ficado na floresta ou morrido”, ela desabafou. Agnes pede orações por ela e pelas meninas que ainda permanecem em cativeiro.

Assista:

Fonte: Portas Abertas

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