O pastor Silas Malafaia, alvo de um mandado de condução coercitiva na Operação Timóteo, se apresentou na sede da Polícia Federal em São Paulo, na tarde desta sexta-feira (16), para prestar depoimento. A operação foi batizada de Timóteo em referência a um dos livros da Bíblia. Segundo a PF, o líder religioso é suspeito de emprestar contas bancárias de sua instituição para ajudar a ocultar dinheiro.
Malafaia usou as redes sociais para se defender. Ele postou em seu canal no Youtube um vídeo no qual se diz “indignado” com a condução coercitiva. “Em 2013, eu recebi a visita em meu escritório do meu amigo pastor Michael Aboud, da Igreja Embaixada do Reino, em Balneário Camboriú. Ele levou um membro dele, um tal de Jader, que queria me dar uma oferta pessoal: R$ 100 mil. Depositei na minha conta e declarei na conta minha e da minha esposa. Conta conjunta, que tenho com ela.”
Malafaia também fez um desabafo em uma rede social na manhã desta sexta-feira. “Declaro no imposto de renda tudo o que recebo. Quer dizer que se alguém for bandido e me der uma oferta, sem eu saber a origem, sou bandido? Será que a justiça não tem bom senso? Pra saber que eu recebi um cheque de uma pessoa; e isso me torna participante de crime? Estou indignado”, afirmou o pastor.
As ações da Polícia Federal ocorreram no Distrito Federal, em Goiás, Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins. A suposta organização criminosa, de acordo com a PF, agia junto a prefeituras para obter parte dos 65% da chamada Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) repassada aos municípios. Em 2015, o CFEM acumulou quase R$ 1,6 bilhão.
Ainda conforme os investigadores, munidos das informações, os suspeitos entravam em contato com municípios que tinham créditos do CFEM junto a empresas de exploração mineral para oferecer seus serviços.
As investigações tiveram início no ano passado, no momento em que a Controladoria-Geral da União (CGU) enviou à PF uma sindicância que apontava incompatibilidade na evolução patrimonial de um dos diretores do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).
A autarquia federal, ligada ao Ministério de Minas e Energia, é responsável pela fiscalização da exploração mineral no país.
[b]Malafaia é conhecido por polêmicas e brigas nas redes sociais[/b]
Citado na operação Timóteo da Polícia Federal, o pastor Silas Malafaia, 58, tem se notabilizado nos últimos anos pelas polêmicas e brigas compradas nas redes sociais.
[img align=right width=300]http://www.folhagospel.com/imagem/Silas_Malafaia2012_3.jpg[/img]Considerado pela “Forbes” como o terceiro pastor mais rico do Brasil, diz querer construir mais de mil igrejas em 10 anos, em um processo de expansão da presença geográfica da Assembleia de Deus Vitória em Cristo no país.
Em sua conta no Twitter, com mais de 1,3 milhão de seguidores, Malafaia costuma defender posições políticas e atacar adversários. Nas últimas eleições, pediu votos e tripudiou de candidatos derrotados.
“Cambada de esquerdopatas se ferraram, tomaram uma lavada histórica. Calados”, escreveu ao comemorar a vitória de Marcelo Crivella (PRB) sobre Marcelo Freixo (PSOL) no Rio.
Também costuma gravar vídeos exaltados atacando desafetos. Entre seus alvos mais frequentes, estão os movimentos LGBT e pró legalização do aborto.
“O ativismo gay está tristinho porque não teve exaltação para a palhaçada de vocês?”, perguntou após a abertura da Olimpíada do Rio, na qual a delegação brasileira foi puxada pela modelo transexual Lea T.
Malafaia assumiu a liderança da Vitória em Cristo em 2010. Na época, já havia rompido com duas das maiores lideranças evangélicas do país, o bispo Edir Macedo e o pastor Valdemiro Santiago, por disputas na compra de horários na TV.
Tem investido tempo e dinheiro no crescimento da igreja, baseada no Rio, para outras regiões do país. Neste mês, inaugurou a primeira unidade da igreja em São Paulo. “Meu projeto é abrir mil novas igrejas nos próximos dez anos no Brasil”, disse à revista “Exame” antes da inauguração.
Em 2013, foi apontado pela revista “Forbes” como um dos líderes religiosos mais ricos do país, com uma fortuna estimada em US$ 150 milhões —atrás apenas dos desafetos Macedo e Santiago. Ele rechaçou a afirmação e iniciou um processo judicial contra a revista.
Após a publicação, exibiu em seu programa de TV sua declaração de Imposto de Renda, na qual declara um patrimônio de R$ 4,2 milhões em imóveis e cotas de empresas, principalmente a editora Gospel Ltda.
[b]Fonte: G1 e Folha de São Paulo[/b]