O simpósio organizado pelo Vaticano sobre pedofilia é “um passo importante” na ruptura da igreja com a “cultura do silêncio”, afirmou nesta quinta-feira o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, no encerramento do fórum.
Lombardi disse que o trabalho realizado durante quatro dias por 110 representantes de Conferências Episcopais de todo o mundo, 30 superiores de ordens religiosas, psicólogos e especialistas foi muito positivo, já que demonstra a intenção da igreja em ajudar a sociedade a combater esses crimes.
Entre as medidas para combater os abusos, está a criação do Centro para a Proteção da criança, com sede em Munique, que será responsável pela formação de profissionais para cuidarem dos casos de pedofilia.
As classes serão oferecidas em espanhol, inglês, alemão e italiano, e o centro contará com parceiros na Argentina, Equador, Alemanha, Gana, Índia, Indonésia, Itália e Quênia.
O cardeal de Munique, Reinhard Marx, ressaltou na apresentação do centro os “erros” cometidos pela Igreja na hora de enfrentar os casos de pedofilia e disse que esta se equivocou “ao proteger a instituições antes das vítimas”.
“A perda de credibilidade da igreja ocorreu por causa desta omissão, que contribuiu para alimentar os ataques dos meios de comunicação”, disse.
Lombardi destacou também o apoio oferecido pelo papa Bento XVI ao simpósio e as palavras ditas por ele, que disse que a cura das vítimas precisa ser acompanhada de uma renovação da igreja.
Durante o evento, o cardeal William Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, revelou que um total de quatro mil denúncias de abusos sexuais a menores realizados por padres chegaram à instituição, e admitiu que a resposta da igreja foi “inadequada”.
O momento mais emocionante do evento ocorreu quando a irlandesa Marrie Collins, de 65 anos, que foi abusada por um padre quando tinha 13 anos, contou seu drama aos presentes.
O público composto por religiosos ficou com um nó na garganta quando Collins narrou seu drama: “os dedos que abusaram do meu corpo de noite eram os mesmos que me ofereciam a hóstia sagrada de manhã”.
[b]Fonte: EFE[/b]