A Aliança Reformada Mundial (ARM) pediu a intervenção da União Africana (UA) no Zimbábue, no momento em que esse país da África austral parece encaminhar-se ao caos social e econômico de conseqüências imprevisíveis.
Nesta terça-feira, o secretário geral da ARM, reverendo Dr. Setri Nyomi, enviou carta ao presidente da UA, John Agyekum Kuffuor, na qual expressa a “profunda preocupação” desse organismo de igrejas com os acontecimentos no Zimbábue.
“A mais recente fase de violência e intimidação inclui a detenção e a agressão a líderes da oposição política. A violência e a intimidação também estão sendo empregadas contra pessoas que se reúnem para orar pela situação no Zimbábue e contra líderes do movimento estudantil”, denuncia a carta de Nyomi.
Os reformados esperam que a UA exerça sua influência para que o governo do Zimbábue se afaste da injustiça e “procure regressar ao bom governo no qual todos desfrutem da liberdade e da justiça”, escreveu o secretário geral da ARM.
A petição da Aliança foi divulgada às vésperas do encontro, na Tanzânia, de líderes dos países que integram a Comunidade Sul-Africana para o Desenvolvimento, convocado para analisar a situação do Zimbábue. O presidente do país africano, Robert Mugabe, participará das discussões.
Até o momento os presidentes africanos se abstiveram de criticar publicamente o presidente Mugabe, de Zimbábue, considerado um dos heróis da luta contra o colonialismo no continente.
Mugabe foi o líder da União Nacional Africana do Zimbábue (ZANU, a sigla em inglês), um dos movimentos mais importantes na luta contra o regime de minoria branca do país então conhecido como Rodésia.
Nas eleições de março de 1980, a ZANU conquistou 57 das 80 cadeiras no novo parlamento. Desde então, Mugabe está à frente do governo, primeiro como premiê e depois como presidente executivo.
Nesses 27 anos no poder, a gestão de Mugabe foi sistematicamente criticada pelos países ocidentais, que o acusam de corrupção e violação dos direitos humanos, e de ter conduzido uma política econômica que levou o país à ruína.
A oposição interna cresceu significativamente desde a fundação, em 1999, do Movimento para a Mudança Democrática (MCD), liderado por Morgan Tsvangirai, um sindicalista que presidiu o Congresso de Sindicatos do Zimbábue. Nas eleições parlamentares de 2000, o MCD ganhou 57 dos 120 postos em disputa.
Em meados deste mês, numa nova onda repressiva contra a oposição Tsvangirai e outros funcionários do MCD foram presos e golpeados pela polícia.
Essas ações motivaram uma severa resposta do arcebispo de Bulawayo, Pius Ncube, que convocou a população a tomar as ruas em protesto pela situação do país.
“O ditador tem que ser derrocado agora mesmo”, disse o prelado católico da segunda cidade mais importante do país.
Fonte: ALC