O modelo de comunicação no Brasil é perverso e a sociedade deve repensar o papel da televisão, que cumpre um papel ideológico de alienação e de estímulo ao consumismo, disse o deputado Orlando Fantazzini no programa especial VerTV, que foi ao ar no domingo, na TV Câmara.

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados promoveu, no domingo, a terceira edição do Dia Nacional Contra a Baixaria na TV, enfocando, neste ano, o tema publicidade para crianças e adolescentes. A publicidade está presente em mais de 20% do horário diário da TV. Segundo a Comissão, a mídia televisiva afasta-se dos princípios que deveriam nortear a sua programação: educar, informar e divertir.

Hoje, a mídia promove uma educação maciça para o consumo ao invés da educação para a cidadania, argumentou a psicóloga Ana Olmos, em depoimento gravado para o programa VerTV. “É isso que queremos, que as crianças sejam consumidoras ou que a TV trabalhe valores como cidadania e solidariedade?” – indagou o psicólogo Ricardo Moretzon.

Os países escandinavos baniram totalmente a publicidade infantil. A Suécia perguntou à sociedade, em referendum, como queria que o Estado tratasse esse tema. Segundo depoimento do publicitário Sérgio Miletto ao VerTV, 70% das decisões de compra da família passam pelos filhos. Nos Estados Unidos, gasta-se 12 bilhões de dólares por ano para pesquisar o comportamento infantil.

O diretor de Classificação Indicativa do Ministério da Justiça, José Eduardo Elias Romão, destacou que o controle democrático sobre a programação da televisão não é uma censura, mas ele se dá para proteger direitos da cidadania e dos infantes. Moretzon disse, no programa VerTV sobre publicidade infantil, que psicólogos brasileiros estão muito preocupado com os impactos que a mídia provoca na produção de subjetividades.

Crianças de quatro, cinco anos, não têm o menor discernimento do que é publicidade e o que é conteúdo da programação infantil. Aos 12 anos, o adolescente começa a ter capacidade crítica e poder de decisão de consumo, explicou Moretzon.

Ele enfatizou que o debate desse tema e do papel da mídia precisa ser aberto, com a sociedade brasileira, e propôs a realização, em 2007, de uma Conferência Nacional de Comunicação no Brasil. A proposta foi aplaudida por Fantazzini, deputado eleito pelo Partido Socialismo e Liberdade (P-SOL) de São Paulo e coordenador da campanha “Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania”.

Fonte: ALC

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