A embaixada da Suécia no Paquistão lamentou nesta sexta-feira a publicação de uma charge que mostra o profeta Maomé no jornal sueco Nerikes Allehanda.
O Paquistão reclamou a respeito da charge, que mostrava a cabeça do profeta no corpo de um cachorro.
O governo da Suécia afirmou que lamenta o episódio, mas não pode pedir perdão porque não é responsável pela charge, e também não pode evitar sua publicação.
A publicação de outras charges do profeta Maomé desencadeou uma série de protestos em todo o mundo em 2006.
Naquela ocasião, milhares de muçulmanos foram às ruas em vários países para protestar contra os desenhos, que foram inicialmente publicados por um jornal da Dinamarca e, depois, reproduzidos em outros lugares.
Para os muçulmanos, qualquer imagem representando o profeta Maomé é considerada blasfêmia. Muitos muçulmanos também consideram o cachorro como um animal impuro.
Liberdade de imprensa
A nova charge foi publicada no jornal sueco no domingo. O autor da charge, Lars Vilks, disse à agência de notícias Associated Press que seu trabalho é arte.
“Não sou contra o islamismo. Todos sabem disso”, afirmou o chargista à agência.
O Ministério do Exterior do Paquistão entregou uma reclamação para um diplomata sueco em Islamabad na quinta-feira.
Uma porta-voz do Ministério do Exterior da Suécia disse que o governo “lamentou que a publicação das charges tenha magoado os muçulmanos”.
“Não podemos pedir desculpas pelas charges porque não as publicamos”, disse a porta-voz Sofia Karlberg à BBC.
Karlberg disse que o governo de seu país não pode influenciar a publicação das charges devido às regras de liberdade de imprensa da Suécia.
‘Insulto’
O Ministério do Exterior do Paquistão descreveu o incidente como uma crescente tendência “entre alguns europeus de confundir liberdade de expressão com insulto aberto e deliberado contra 1,3 bilhão de muçulmanos do mundo todo”.
“Tais atos prejudicam profundamente os esforços daqueles que tentam promover o respeito e compreensão entre religiões e civilizações”, afirmou o ministério em um comunicado.
Segundo a declaração do ministério paquistanês, o diplomata sueco disse que seu governo “compartilha das opiniões da comunidade muçulmana e classificou a publicação (da charge) como infeliz”.
O Ministério do Exterior da Suécia disse à BBC que não pode confirmar se o diplomata em Islamabad fez estas declarações.
Um centro islâmico da Suécia planejava uma manifestação em frente à sede do jornal na cidade de Orebro, segundo a Associated Press.
Uma associação que representa 57 países muçulmanos, a Organização da Conferência Islâmica, condenou as charges, mas também pediu calma aos muçulmanos.
Fonte: BBC Brasil