A Polícia Civil de Maringá apontou nesta terça-feira um homem de 41 anos como o principal suspeito pela morte da menina Márcia Andréia do Prado Constantino (foto), 10 anos. A garota foi raptada, violentada e esganada na noite de sábado passado, na zona rural do município.
As suspeitas se voltam contra um ex-presidiário de Maringá, que já cumpriu cinco anos de reclusão por estupro e atentado violento ao pudor.
A reportagem apurou que o suspeito, animador de lojas e membro, há vários anos, da Igreja Assembléia de Deus, teria ido ao templo na noite de sábado, mas não participou do culto, promovido para cerca de 1.300 pessoas.
O ex-presidiário deixou o local por volta das 20 horas, horário aproximado do desaparecimento da menina. Ele teria voltado às 22h30, já de roupa trocada, e acompanhado três moças a uma pizzaria.
As moças contaram à polícia que estranharam o comportamento do colega, que estava muito agitado e nervoso. Segundo elas, a todo momento ele questionava se poderia ser acusado do desaparecimento da menina.
Após pesquisar os antecedentes criminais do suspeito, a Polícia Civil descobriu que ele esteve envolvido, em 2001, no rapto de uma adolescente de 15 anos, residente em Presidente Castelo Branco.
A garota foi rendida quando participava de uma festa no centro da cidade e levada, sob agressões e ameaças de morte, até a zona rural do município, onde foi estuprada e sodomizada com o cano de um revólver.
Incluído na lista de suspeitos, o ex-presidiário foi a sétima pessoa a ser convocada, na segunda-feira, para prestar esclarecimentos na 9ª Subdivisão Policial. Em pouco mais de uma hora, ele apresentou versões contraditórias à Polícia Civil.
Na primeira delas, alegou que, na noite de sábado, havia participando de um culto em uma igreja evangélica na Avenida Tamandaré. A polícia checou a versão e descobriu que o culto era destinado apenas a mulheres.
Novamente questionado, o ex-presidiário informou que, no horário do desaparecimento da menina, estaria em um estabelecimento na cidade de Paiçandu. Mais uma vez a polícia confirmou que ele não havia estado no local indicado.
O carro utilizado pelo suspeito, um Palio pertencente a uma locadora de automóveis, foi periciado pela Polícia Científica. Alguns indícios foram coletados para exames.
Na manhã de terça-feira, o ex-presidiário forneceu material genético para exames, que serão confrontados com o material recolhido do corpo da vítima.
A Polícia Civil está convicta de que a menina deixou a igreja acompanhada de uma pessoa conhecida. Antes de sair à rua, ela teria inclusive avisado a irmã, de 7 anos, e outras três colegas, de 11, 10 e 6 anos, que iria buscar um pedaço de bolo com um “irmão”.
A irmã quis acompanhá-la, mas Márcia a rechaçou: “Não, você não conhece o irmão”, teria dito.
Apesar das evidências, o delegado-chefe da 9ª SDP, Antônio Brandão Neto, fez questão de ressaltar que nenhuma outra linha de investigação foi descartada. “Tudo está sendo checado”, disse ele.
Igreja isola família em hotel
Os pais e a irmã caçula de Márcia Andréia Constantino estão desde de sábado hospedados em um hotel não identificado de Maringá.
Segundo o irmão mais velho da menina, Marcos André do Prado Constantino, a decisão foi tomada por um pastor da Igreja Assembléia de Deus, que quis afastar a família da casa e do assédio de conhecidos, amigos e familiares.
“Eles estão muito abalados com tudo o que aconteceu, principalmente a minha mãe. Ficar relembrando os fatos é pior para a recuperação dela”, disse o jovem.
A previsão é de que a família fique no hotel até que o autor do crime seja encontrado.
André conta que a mãe, embora muito abalada e chorando bastante, preferiu não tomar nenhum tipo de medicamento que a mantivesse sedada. A caçula também está bastante abalada.
Marcos tinha 7 anos quando Márcia nasceu. Ele lembra que sempre tentou protegê-la. “Ela era uma menina muito boazinha, sempre arrumava a cama depois que acordava, já sabia esquentar o almoço dela e, ultimamente, eu estava ensinando-a a mexer na internet e a jogar no computador”, lembra.
Recentemente, ele abriu um estúdio fotográfico em Sarandi e fez algumas fotos da irmã. Uma delas foi colocada em cima do caixão com o qual Márcia foi sepultada.
A aposentada Conceição Rueda mora ao lado da casa de Márcia há 15 anos e se lembra de quando a menina nasceu. “Marcinha”, como era conhecida no bairro, era muito amiga dos netos de Conceição.
“Só não estou sofrendo tanto quanto a mãe dela, mas choro toda hora, ao me lembrar da menina e da crueldade cometida com ela”, disse.
O clima da vizinhança, em Sarandi, é de luto e comoção. Segundo vizinhos, as crianças acostumadas a brincar com Márcia ficaram bastante tristes e estão sofrendo com a morte da amiga.
O irmão da menina assassinada disse que os pais estão “confiantes em Deus” e esperam que o autor do crime seja encontrado e punido, “para que não volte mais a destruir a vida de crianças indefesas e das famílias delas”.
Fonte: Diário Online