Com a retomada do Talibã ao governo do Afeganistão, a preocupação com as minorias religiosas no país, incluindo cristãos, cresceu entre as organizações que monitoram a perseguição religiosa no mundo.
A Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos EUA (USCIRF) pediu, no mês passado, que o governo americano classifique o Afeganistão como um “país de particular preocupação”. A designação resultaria em sanções financeiras, pressionando o governo do Talibã.
“Relatos indicam que o Talibã continua perseguindo minorias religiosas e punindo moradores em áreas sob seu controle de acordo com sua interpretação extrema da lei islâmica”, denunciou a USCIRF em um relatório.
Mais de 85% da população do Afeganistão são muçulmanos sunitas, cerca de 12% são muçulmanos xiitas, e um pequeno número são de outras minorias religiosas como sikhs, hindus e outros, segundo a Voice of America.
Não existem dados sobre quantos cristãos existem no país dominado pelo Talibã, mas de acordo com estimativas da International Christian Concern (ICC), organização cristã que monitora a perseguição, há cerca de 10 mil a 20 mil seguidores de Cristo no Afeganistão.
“A ICC está em comunicação direta com várias famílias atualmente escondidas do Talibã. Alguns estão em uma situação bastante séria, com o Talibã realizando varreduras em bairros ou distritos inteiros”, afirmou Claire Evans, gerente do programa do Oriente Médio da organização, à Voice of America.
Evans alertou para o risco de morte eminente que os crentes correm no país muçulmano. “Eles estão profundamente amedrontados e fortemente visados pelo Talibã. Se forem pegos, suas vidas e de seus entes queridos correm risco imediato”, disse ela.
Apesar dos diversos relatos, o Talibã recentemente negou que persegue os seguidores de Jesus, afirmando que não existem cristãos no país.
“Não há cristãos no Afeganistão. A minoria cristã nunca foi conhecida ou registrada aqui”, disse o porta-voz do Talibã, Inamullah Samangani, à Voice of America.
“Existem apenas minorias religiosas sikhs e hindus no Afeganistão que são completamente livres e seguras para praticar sua religião”, acrescentou.
O porta-voz não detalhou o que o Talibã fará se encontrar afegãos convertidos ao cristianismo, mas abandonar o islã é considerado crime e passível de punição no país.
Em 2006, o afegão Abdul Rahman foi condenado à pena de morte por um tribunal em Cabul, por se converter a fé cristã. Felizmente, ele conseguiu se exilar na Itália, após uma forte pressão diplomática dos EUA.
A Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos EUA pediu ao governo americano que crie um programa de assentamento para minorias religiosas que sofrem risco extremo de perseguição pelo Talibã.
Porém, resgatar os afegãos perseguidos é muito arriscado. “Na prática, é difícil evacuar pessoas que, por qualquer motivo, devem ficar escondidas. Superar esse desafio é difícil nas melhores circunstâncias, e o Afeganistão desafiou todos os protocolos existentes”, explicou Claire Evans.
“Esperamos que as lições aprendidas possam ajudar os atores globais a melhorar a forma como ajudam os cristãos em circunstâncias tão difíceis”.
Fonte: Guia-me com informações de Voice Of America