Representantes da Teologia da Libertação que se reuniram em São Paulo após a visita do Papa Bento XVI ao Brasil divulgaram ontem um documento no qual reafirmaram sua “opção pelos pobres” e sua fidelidade “ao Deus da justiça”.

O documento reúne as conclusões de um seminário de teólogos latino-americanos realizado no último fim de semana em Pindamonhangaba.

“Nos sentimos desafiados a assumir com firmeza a opção pelos pobres, a afirmando como irreversível e irrenunciável, como um imperativo do seguimento de Jesus e de fidelidade ao Deus da justiça”, diz o documento da reunião promovida pelo Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB).

O encontro aconteceu a 20 quilômetros de Aparecida, onde o Papa inaugurou a V Conferência do Conselho Episcopal Latino-americano e do Caribe (Celam), que acabará no dia 31 e que reuniu 250 religiosos, filósofos e teólogos que defendem a “Teologia da Libertação”.

O encontro contou com a presença de representantes de 17 países que fizeram um convite ao aumento da presença dos sacerdotes e bispos em “experiências libertadoras” e que destacaram o papel “dos mais pobres” no processo de evangelização e a necessidade de igualdade de gênero.

“O aprofundamento da pobreza e da desigualdade racial, a violência e a destruição de povos da cultura negra e indígena” constituem “agressões à vida”, diz o texto.

O documento criticou o neoliberalismo, o responsabilizando pela pobreza na América Latina, e reconheceu a “situação de profunda crise da Igreja”.

Uma representação do encontro marchou até Aparecida, onde acampará na chamada “tenda dos mártires” até o dia 31 de maio, quando acabará a Conferência da Celam.

Um dos participantes da reunião que teve como lema “América Latina, cristianismo e Igreja no Século XXI” foi o sacerdote chileno Pablo Richard, que disse hoje a jornalistas que “a Igreja não existe, o que existem são modelos, maneiras e uma forma de ser da Igreja”.

“O modelo tradicional e dominante da Igreja vive uma crise irreversível, pois é inútil qualquer tentativa de reformá-lo e não vai mudar nunca”, encerrou.

Fonte: EFE

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